Texto: Ricardo Neto ** Foto: Lourenço da Silva
São-Tomé, 09 Marc ( STP-Press) – A incontestável figura da linha da frente na luta pela independência são-tomense, Alda Espírito Santo, foi homenageada esta segunda-feira, pela Rede das Mulheres Parlamentares por ocasião do Dia Internacional da Mulher, 8 de Março, curiosamente, 24 horas antes de completar o 11º aniversário de falecimento que, se assinala hoje dia 9 de Março.
“O dia de hoje [8 de Março] merece ser lembrado para reconhecer o esforço das mulheres que lutaram para que conquistássemos o que temos hoje, quero aqui expressar a minha gratidão por elas, e abrir aqui um parenteses para homenagear, aquela que foi a primeira mulher a ser presidente da Assembleia Nacional, a defensora dos direitos e da igualdade de género, Alda da Graça Espirito Santo” – sublinhou a Representante da Rede das Mulheres Parlamentares de São Tomé e Príncipe, Cristina Dias.
Curiosamente, hoje, terça-feira dia 09 de Março de 2021, a conceituada poetisa são-tomense, Alda Espírito Santo, também conhecida por Alda Graça, completa 11º aniversário de falecimento, sucedido, precisamente, a 09 de Março de 2010, em Luanda, Angola.
A poetisa, Alda Espírito Santo, autora do Hino Nacional República, faleceu aos 83 anos em Luanda, Angola para onde foi evacuada por razões de saúde, num claro adeus na terra dos seus compatriotas de luta nacionalista como Mário Pinto de Andrade, um dos nomes de Angola muitas vezes citada nas suas intervenções públicas.
Nascida em Abril de 1926, Alda Espírito Santo, por espirito nacionalista interrompeu seus estudos universitários em Portugal, integrando as ações e as movimentações de luta de libertação e da independência de São Tomé e Príncipe e outros Países africanos que estavam na altura sob o antigo regime colonial português.
Após a conquista da independência conquistada em 12 de Julho de 1975, Alda Graça desempenhou cargos de ministra, Educação, Cultura e Informação, de deputada, tendo sido a primeira e única mulher são-tomense a ocupar o cargo de Presidente da Assembleia Nacional e por dois mandatos.
Alda Neves da Graça Espirito Santos, que desempenhou as funções de Secretária Geral da União Nacional de Escritores e Artistas de São Tomé e Príncipe é autora dos livros de poemas “O Jogral das Ilhas, de 19676 e “É nosso o solo sagrado da terra” de 1978, tendo sido considerada um escritora e poetisa de língua portuguesa.
Nos seus poemas aparecem as mais variadas antologias lusófonas, bem como em jornais e revistas de São Tomé e Príncipe, com Alda Graça a escrever “mataram o rio da minha cidade” numa das suas obras de grande relevância a nível nacional e além fonteiras.
No âmbito da política, Alda Espirito Santo, que sempre pugnou por princípios e valores, sobretudo, sociais, éticos e culturais, foi qualificada por muitos, como a figura política são-tomense de consenso, de paz e de transparência rumo ao desenvolvimento económico do País.
No dia do adeus ao corpo de Alda Espirito Santos, o primeiro Presidente São-Tomense, Manuel Pinto da Costa disse que “ Alda Morreu Triste porque viu os seus ensinamentos a serem alienados por forças retrógradas contra as quais lutou durante décadas”.
“ Morreu triste porque em 35 anos de independência nacional ainda não conseguimos dar sinais se quer de que caminharmos unidos na senda do progresso” – disse ainda Pinto da Costa no difícil adeus a Alda Neves da Graça do Espirito Santo.
Fim/RN