Texto: Manuel Dênde ** Foto: Lourenço da Silva / em especial 12 de Julho
São Tomé, 11 de Jul. 2019 (STP-Press) – São Tomé e Príncipe celebra ao 12 de Julho, sexta-feira, 44 anos, como Estado Independente do regime de Portugal.
Trata-se de uma data mágica para os São-tomenses, data à partir do qual, São-tomenses deixaram de ser governados à partir de Lisboa, e mercê da saga de Luta de Libertação de diversos Povos no Mundo, Portugal viu-se na contingência de libertar-se de suas antigas colónias.
Se é verdade que a então província de São Tomé e Príncipe foi reconvertida num Estado, vários desafios se lhe colocam face a necessidade de sua afirmação perante a Comunidade das Nações do Mundo livre.
E afigurava-se-lhe desafio de auto-governação em múltiplas áreas, com alguns ganhos, quando em 1975 o novo país convivia com uma taxa de analfabetismo na ordem de pouco mais de 90%. Actualmente, no plano educacional regista – se a mesma situação de forma inversa e na ausência, no passado de uma cobertura médico-sanitária vacinal desejável e exigida pela OMS, hoje a percentagem sanitária é de cerca de 95%.
De igual modo se poderá dizer de uma exigência satisfatória quanto ao processo neonatal e outros indicadores de saúde, ao qual deve-se sublinhar o esforço de sucessivos governos do país no combate ao Paludismo onde se regista taxa zero em algumas localidades.
Mas, longe de ser uma luta já ganha, a doença que nos anos 80 e 90 matou muitos São-tomenses, crianças sobretudo, incluindo a mulher de um antigo Chefe de Estado do país (Fradique de Menezes), concretamente a belga Miriam Menezes, ainda dá algumas dores de cabeça as autoridades ao ponto de se reequacionar o plano estratégico de sua eliminação prevista para 2021.
Parceiros bilaterais e multilaterais auxiliam no combate ao Paludismo
No passado colonial, a incidência de mortos pela mesma doença era tenebrosa, segundo dizem alguns especialistas. Hoje, percebe-se que a situação está de facto aliviada e controlada graças ao auxílio de alguns parceiros internacionais, dos quais se destacam bilaterais como Portugal, E.U.A, China Taiwan, República Popular da China, e do lado multilateral, destaque para OMS e Fundo Global.
No plano educacional, São Tomé e Príncipe hoje é um dos poucos Estados africanos ou do chamado 3º mundo, que dá-se ao luxo de ter ultrapassado constrangimentos de ordem analfabético, com uma taxa de mais de 95% de cidadãos alfabetizados, graças a cooperação internacional, mormente Brasil.
Se no passado o colonialismo nunca se preocupou com a formação superior de São-Tomenses, sucessivos governos do país adotaram medidas, as quais hoje, São Tomé e Príncipe já dispõe de três Universidades, das quais uma pública, com mais de seis mil alunos.
Se em 1975 a taxa de rendimento médio de vida de um São-tomense era de 30 a 40 anos, hoje, mercê de alguma evolução de alguns indicadores de desenvolvimento humano, actualmente regista-se uma evolução bastante positiva.
Autoridades equacionam alternativas para a monocultura do Cacau
Basta se aperceber que o país foi declarado pelas Nações Unidas, há dois anos, como um Estado de Desenvolvimento Médio, estatuto para qual apenas meia dúzia de países africanos tem.
É verdade que o grande desafio das autoridades assenta-se na economia, onde se regista constrangimentos bastante sérios para um país que vive de monocultura de cacau.
Se é verdade que sucessivas autoridades de São Tomé e Príncipe tentam se libertar da escravatura de cacau, hoje, com pouca expressão no mercado internacional, internamente a estratégia passa por uma produção de qualidade e viabilizar alternativas ao cacau, onde o turismo e o esforço pela descoberta de produtos hidrocarbonetos se afiguram com principais desafios.
Convém dizer que São Tomé e Príncipe além de cacau usa como alternativa, por exemplo, a Pimenta e Baunilha, como produtos agrícolas susceptíveis de marcar presença num mercado europeu bastante exigente, sobretudo, para um microestado que sempre viveu de cacau onde Gana e a Costa do Marfim, principais gigantes mundiais deste produto (nem conseguem impor a sua lei no mercado internacional).
São Tomé e Príncipe com um orçamento geral de Estado de 158 milhões de dólares e com a sua sustentabilidade bastante deficitária para sua própria auto-sustentação, onde cobre apenas cinco porcento, o país vê-se igualmente alarmado com uma taxa de crescimento demográfico na ordem de 3,5%, facto bastante preocupante quando se sabe que o FMI e Banco Mundial acabam de reconhecer que os indicadores económicos do país estão descontrolados afectando seriamente o seu PIB em cerca de três porcento.
Se também é verdade que a Economia no ano transacto registou uma taxa de crescimento na ordem de 4,3%, pode-se dizer que ele deveu-se algum sinal positivo do sector de turismo e serviços, o qual se acresce a exportação de pescado para Europa, revelou à STP-Press um especialista no sector que preferiu manter-se em anonimato.
Jorge Bom Jesus com dificuldades face ao escamoteamento de indicadores macroeconómicos
Contudo, o actual Governo de Jorge Bom Jesus, líder do MLSTP (partido no Poder), vive dias difíceis como consequência de uma alegada administração negligente do regime anterior, que entre outros, se faz sentir na gestão da economia.
Tal situação, segundo esses organismos internacionais, deveu-se ao facto de administração governamental anterior do país ter ocultado ao FMI e Banco Mundial dados avaliativos da evolução de economia São-tomense, nos últimos quatro anos.
E tal situação, longe de se afigurar como positivo, vai colocar segundo peritos internacionais o país e os São-tomenses num colete de força, susceptível de agravá-los a situação social, nomeadamente com os preços de energia, transporte e combustíveis importados de Angola.
Para José António Sanches, São-tomense, filho de Cabo-verdianos vindos na época de escravatura nos anos 40 e 50, “é verdade que não conheci esse período quando os meus pais pisaram São Tomé e Príncipe, mas oportunidades que a Independência me deu, certamente que no passado nunca as teria, nomeadamente, de estudar, fazer formação e ter hoje uma melhor qualidade de vida, mesmo sabendo que nem tudo vai bem no país”.
Sublinha-se igualmente, que São Tomé e Príncipe celebra o seu 44º Aniversario quando acolhe pela primeira vez, na sua capital, um Fórum Macau, promovido pela China, ao qual reuniu no país mais de 100 empresários do gigante asiático assim como dos Estados lusófonos.
Expectativas no Fórum China-CPLP para contracção de investimento directo estrangeiro
“Essa reunião económica alimenta-nos alguma esperança, sobretudo com oportunidade de investimento directo estrangeiro, para aliviar-nos da grave situação de desemprego”, advogou, Ana Maria, augurando que Fórum Macau corra a mil maravilhas para os São-Tomenses.
O Fórum de dois dias, 8 e 9 deste mês, delineou oportunidades de negócios, que eventualmente poderão dar um novo alento ao fraco tecido socioeconómico deste país afro-lusófono, que procura de investimento como pão para a boca, a luz de pressão social de uma população bastante jovem e desempregada.
São Tomé e Príncipe é um Estado de natureza insular. Regime é republicano, com uma câmara parlamentar, e a sua dimensão é de cerca de 1001 km2, composto por duas principais Ilhas, das quais a de São Tomé, é onde se localiza a capital do mesmo nome.
São-tomenses, população miscigenada de encontro com europeus e africanos
E as Ilhas que no século 16 foram convertidas numa plataforma para a venda e tráfico de escravos para as Américas, sobretudo, Brasil, hoje os São-Tomenses são mais de 200 mil habitantes no interior e no exterior estima-se em mais de 60 mil pessoas.
A sua população cujas origens de várias etnias, das quais Forro, Angolar e Tonga, data dos primórdios da colonização em 1470 e 1471 pelos navegadores portugueses Pêro Escobar e João de Santarém, que atribui-lhe a Álvaro de Caminha que em 1493-1490 a quem foi doado o metade das ilhas para povoar e optou a custo de trafico e raptos trouxe do continente africano pessoas, nomeadamente, mulheres de múltiplas origens.
Mesmo nos primórdios da colonização, assistiu-se uma miscigenação da mesma população, onde a população europeia se integrou na sociedade e degenerando em várias raças e etnias, das quais de mulatos que viriam a herdar grandes propriedades agrícolas que mais tarde foram nacionalizadas á 30 de Setembro pelas novas autoridades do país.
E as Ilhas que nos anos 40 e 50 foram convertidas numa plataforma para a venda e tráfico de escravos para as Américas, sobretudo, Brasil, hoje os São-tomenses são mais de 200 mil habitantes no interior e no exterior estima-se em mais de 60 mil pessoas.
Fim/MD