Texto: Ricardo Neto *** Foto Arquivo: Lourenço da Silva
São-Tomé, 05 Jun ( STP-Press ) – O novo líder do partido ADI na oposição, Agostinho Fernandes em entrevista terça-feira ao programa “Cartas na Mesa” da Televisão são-tomense, TVS, declarou que “ a política entrou na justiça e os políticos só querem que juízes ditam justiça a favor dos seus interesses”.
Questionado sobre o actual estado da justiça, Agostinho Fernandes falou de uma alegada intromissão do poder político na esfera jurisdicional da República, tendo sublinhado que “ a política entrou na justiça e os políticos só querem que juízes ditam justiça a favor dos seus interesses”, num claro atentado ao princípio da separação dos poderes.
“ Justiça para uns e Oásis para outros”
Referindo-se a detenção e prisão de alguns ex-dirigentes do anterior poder sustentado por ADI, Agostinho Fernandes falou da existência de “muita coincidência” por serem apenas os responsáveis do seu partido que deixou de ser poder face as eleições de Outubro último, tendo argumentado que “não pode haver justiça para uns e oásis para outros”.
Interrogado se o ex-ministro das Finanças, Américo Ramos pudesse ser ou considerado um preso político, Agostinho Fernandes disse que “ não seria um preso político, mas, sim um perseguido político, …por estar a ser perseguido politicamente…”.
Tendo denunciado a intromissão do poder político no caso judicial do ex-ministro das Finanças citando de um recurso de suspeição interposto pelo poder contra um dos juízes do processo, Agostinho Fernandes argumentou que “se há factos concretos que tipificam crimes, não há nenhuma razão para que o poder político se interfira” no sector judicial.
“Não tive desentendimento com Patrice Trovoada”
“ Não tive nenhum desentendimento com Patrice Trovoada enquanto estive como um dos membros do governo” disse Fernandes que questionado sobre auto-suspensão do seu antecessor da cadeira presidencial do partido, respondeu que “ não sei quê que Doutor Patrice quer”.
“ No ADI não existe uma ala afecta ao Patrice Trovoada” – disse novo líder do partido tendo sustentado que “ os estatutos não permitem que haja ala no seio do partido” para depois afirmar que “ é inquestionado aquilo que ele [Patrice Trovoada] representa para o ADI”.
Tendo denunciado que se vivia “um clima de medo no seio” no seio do seu partido, Fernandes disse que “nenhum militante deve ser incomodado no exercício do seu direito de expressão e de opinião”, revelando que, “ muita gente quis ir ao congresso do dia 25 de Maio, mas tinham medo de darem a cara”.
“ Queremos um ADI que respeita todos são-tomenses, independentemente da forma como pensam e do partido em que estão filiados”, disse Agostinho Fernandes,
“Governo célere em agir de vingança e ódio”
Relativamente a prestação dos seis meses do poder sustentado pela nova maioria, MLSTP-PSD e coligação PCD-MDFM e UDD, Agostinho Fernandes disse que “ tínhamos mais expectativas, o governo foi muito célere em agir no sentido de vingança e ódio, mas em relação as várias promessas que fez ao país e ao povo tem sido um pouco mais lento”.
A nova direcção do ADI, liderada por Agostinho Fernandes foi eleita no dia 25 de Maio por aclamação, em congresso extraordinário marcado pela ausência dos apoiantes do presidente cessante Patrice Trovoada, a quem o novo líder manifestou “profunda gratidão” e defendeu “consenso e entendimento” para “fazer o partido avançar”.
“Cartas na Mesa” é um programa de debate e entrevista da televisão são-tomense, TVS, apresentado, semanalmente, pela jornalista Conceição Deus Lima, “São Lima”.
Fim/RN