Texto: Ricardo Neto ** Foto: Lourenço da Silva
São-Tomé, 02 Nov. ( STP-Press) – Rei Amador, a figura emblemática da história são-tomense, conta a partir de hoje com uma estátua em grande dimensão no centro da capital de São-Tomé, inaugurada está manhã pelo Presidente da República, Evaristo Carvalho, numa iniciativa liderada por ministro da Cultura Olinto Daio, e executada por artistas são-tomenses.
Erguida no centro da Praça da Cultura, defronte ao Cimena Marcelo de Veiga, a estátua com cerca de três metros da altura, retrata a figura do Rei Amador, o considerado percursor da luta de libertação por ter liderado a histórica revolta de escravos em 1595 na tentativa de libertar as ilhas do regime colonial e pôr fim ao trabalho escravo nas plantações de cana do açúcar.
“ A tocha na mão esquerda do Rei Amador simboliza o incendiar dos engenhos do açúcar num sinal de resistência ao colonialismo” – disse o arquiteto Cicéro Narciso, que projetou a obra, tendo acrescentado que “ o machim na outra mão significa o material de trabalho na roça e também sua arma de defesa”.
Com a inauguração desta estátua significa que “ o passado não está morto e enterrado, de facto nem sequer é o passado” disse o ministro da Cultura, Olinto Daio citando o pensador William Faulkner.
Para Olindo Daio a inauguração da estátua do Rei Amador, o percursor da luta pela libertação, acontece num momento em que o povo são-tomense tem fome de uma mensagem de unidade”, numa clara alusão ao período pôs eleitoral que se vive no País.
“ Queremos que cada cidadão ultrapasse de ver a realidade através da sua lente partidária e que juntos continuemos a marcha de aqueles que nos antecederam” disse Daio, tendo acrescentado tratar-se de “ uma marcha por um São Tomé e Príncipe livre, justo e próspero”.
Tendo-se referido vozes criticas por causa da cor branca da estátua bem como pelo facto da inauguração não ter acontecido no dia 04 de Janeiro, data em homenagem ao Rei, o ministro Daio disse que “ desta vez não vamos responder estas questões” sublinhando que “ desta vez queremos falar da aquilo que nos une”.
“ A unidade é o pilar fundamental para garantirmos a prosperidade do País”, – acrescentou o ministro da Educação, Cultura, Ciência e Comunicação, neste evento que contou com várias entidades públicas do País, representantes diplomáticos, estudantes e elementos da população.
Segundo um documento do arquivo histórico de São Tomé e Príncipe, Rei Amador “Viera”, considerado rei dos Angolares (escravos vindos de Angola) terá sido preso e morto em 1596, por ações anticoloniais.
São Tomé e Príncipe conseguiu a independência em 12 Julho de 1975, na sequência da saída dos colonos portugueses, já em plena era da produção do cacau que sucedeu ao ciclo de cana do açúcar (1470- 180).
Fim/RN