São-Tomé, 26 Jul ( STP-Press) – São Tomé e Príncipe vai “dar um salto qualitativo” na Educação, disse hoje à Lusa Lúcio Neto Amado, autor de um livro que aborda a história da Educação no arquipélago apresentado na quinta-feira em Lisboa, Portugal.
A obra “História da Educação no Arquipélago de São Tomé e Príncipe”, que foca o estado do ensino no arquipélago desde a chegada dos navegadores portugueses, em 1470, até à independência, em 1975, nasceu da vontade do autor em investigar o modo como surgiu o ensino no território.
Lúcio Neto Amado quis, designadamente, investigar a relação que existia entre o que designa como a “Escola do Mato” e a Escola Primária Oficial, criada durante a presença colonial portuguesa.
A “Escola do Mato”, em que lecionavam nativos autodidatas, foi criada como alternativa, ou mesmo complemento, para quem não tinha possibilidades de frequentar o ensino oficial.
“Eu estudei numa Escola do Mato e estudei também numa escola pública, e eu consegui ver, de facto as diferenças”, afirmou Neto Amado, que destacou o poder simbólico da “Escola do Mato” na comunidade são-tomense, evidente pelo grande número de dirigentes de São Tomé e Príncipe que a frequentou.
Atualmente da “Escola do Mato” restam também dois antigos professores, que, segundo Neto Amado, são “resquícios do passado” que ainda hoje ensinam da mesma forma que anteriormente.
Questionado sobre os desafios que o atual crescimento populacional do país representa para o ensino no país, Neto Amado diz que o desenvolvimento não foi o esperado.
“A evolução não tem sido como nós desejávamos”, admitiu, referindo que São Tomé e Príncipe ainda não conseguiu dar resposta a todos os atuais “constrangimentos”, como a necessidade de formação dos professores, a falta de infraestruturas e o elevado número de jovens no país, que segundo o Fundo de População das Nações Unidas representam quase metade da população, estimada em cerca de 200 mil habitantes.
No entanto, Neto Amado assegura que, apesar da falta de grandes avanços no setor da Educação ao longo dos 43 anos de independência, São Tomé e Príncipe encontra-se no “bom caminho”, procurando paulatinamente responder aos desafios, garantindo que o país “vai dar um salto qualitativo” nos próximos anos.
“A minha grande satisfação é nós passarmos hoje nas ruas de São Tomé e do Príncipe, nos sítios mais recônditos, e ver uma mão cheia de crianças a ir para a escola, sobretudo meninas, uma coisa que até 1975 não acontecia”, destacou.
Nascido na ilha de São Tomé e licenciado em Educação Física e Desporto e em Sociologia, Lúcio Neto Amado publicou também o livro “Manifestações Culturais São-tomenses”, de 2014.
Fim/ STP-Press / Lusa