São-Tomé, 18 Jun 2024 (STP-Press) – O ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, Gareth Guadalupe, representou São Tomé e Príncipe na cimeira de dois dias para a paz na Ucrânia, realizada no último fim-de-semana, na cidade de Burgenstock, na Suíça.
Ao intervir no evento, o ministro são-tomense foi muito aplaudido pelo discurso que proferiu, sobretudo quando disse que “todos os participantes terem reconhecido o quão importante teria sido a presença da Rússia na cimeira”.
“Todos reconhecemos que era importante que nesta cimeira a Rússia estivesse presente. Quando eu digo todos, mesmo até a Ucrânia o reconheceu. Mas também devo dizer que se não falarmos da paz, a paz nunca chegará. Só com entendimento é que nós vamos conseguir essa paz por via do diálogo. É preciso nós falarmos da mesma, mesmo que não tenha um dos principais interlocutores nesta matéria”, afirmou Gareth Guadalupe.
Para o chefe da diplomacia são-tomense “foi um primeiro passo que uma centena de países e organizações internacionais deram”, acrescentando que “o grande objectivo é continuar a apelar à via do diálogo e numa solidariedade ao nível da comunidade internacional, podemos atingir essa paz o mais rapidamente possível”.
Gareth Guadalupe destacou o facto de São Tomé e Príncipe ser amigo da Suíça e amigo da Ucrânia, mas também não deixa de ser amigo da Rússia.
“Nós podemos ser amigo de alguém e condenar uma determinada acção da pessoa. Creio que os amigos devem ser verdadeiros entre si. Por isso, em termos gerais, creio que a cimeira sobre a paz na Ucrânia foi produtiva. É verdade que, não tendo aqui um dos principais interlocutores, temos que continuar a falar e falando em nome de São Tomé e Príncipe, continuamos abertos e estamos disponíveis a poder continuar a dialogar e tudo fazer para que mais rapidamente possa se atingir a paz na Ucrânia”, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades.
Gareth Guadalupe pronunciou-se também sobre a questão da segurança alimentar, que sublinhou ser “particularmente urgente”.
“Os cereais e outros produtos à base de cereais representam quase 20% da nossa cesta básica de consumo. Esses bens essenciais não são produzidos internamente, tornando-nos fortemente dependentes das importações. A Ucrânia, conhecida como o celeiro da Europa, interrompeu a produção e exportação regular de cereais”, por isso “apelamos aos países influentes e às organizações multilaterais aqui presentes para que defendam mudanças políticas que garantam que nenhuma nação seja deixada para trás, ajudando a mitigar os impactos adversos dos programas financeiros, que podem agravar ainda mais a insegurança alimentar e as dificuldades econômicas de São Tomé e Príncipe”, sublinhou o ministro, dando exemplo de que “se tivermos que aumentar o IVA, os preços dos combustíveis e de eletricidade como parte da medida prévia para o Programa de Facilidade de Crédito Alargado com o FMI”.
Para concluir, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades garantiu que São Tomé e Príncipe continua em solidariedade inabalável com todas as nações que defendem uma resolução pacífica e diplomática do conflito russo/ucraniano.
“Acreditamos firmemente nos princípios da paz, direitos humanos e integridade das nações soberanas. Condenamos inequivocamente a invasão russa da Ucrânia como uma violação flagrante do direito internacional sobre a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e condenamos igualmente qualquer uso de armas químicas ou outras armas de destruição em massa. Unamo-nos no nosso compromisso com a paz e a segurança. Ao abordar essas questões críticas juntos, podemos abrir caminho para um futuro mais estável e seguro para todos. Vamos garantir que nossos esforços sejam inclusivos e que nenhum país, incluindo São Tomé e Príncipe, seja deixado para trás em nossa busca pela paz e segurança global, acentuou Gareth Guadalupe.
O comunicado final adoptado na Cimeira para a Paz na Ucrânia na Suíça foi rubricado este domingo, 16, por 84 países entre eles Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, e pede que “todas as partes” do conflito estejam envolvidas para se alcançar a paz.
Foi subscrito por 84 países, incluindo os da União Europeia, Estados Unidos da América, Japão, Argentina, Somália e Quénia.
Entre os países presentes que não assinaram o comunicado estão os Estados-membros do BRICS, de que fazem parte o Brasil, Índia e África do Sul, bem como pelos ausentes a China e Rússia. Também não subscreveram o documento Arménia, Barém, Indonésia, Líbia, Arábia Saudita, Tailândia, Emirados Árabes Unidos e México.
Fim/MF