São-Tomé, 17 Mai 2024 (STP-Press) – O Governo pediu aos vendedores e revendedores de combustível o prazo de duas a três semanas para proceder aos trâmites legais, no sentido de atender as suas reivindicações quanto ao aumento da margem de lucro, resultante da venda de combustíveis.
O consenso foi obtido durante um segundo encontro, realizado na tarde de quarta-feira (15) entre o ministro da Economia, Disney Ramos, e a Associação dos Vendedores e Revendedores de Combustível, depois de as partes não terem chegado a um entendimento no primeiro encontro realizado na manhã do mesmo dia.
O encontro de urgência foi solicitado pelo Governo, depois de os proprietários das bombas e postos de combustível de todo o país terem decidido suspender, “repentinamente e sem qualquer aviso”, a venda dos produtos petrolíferos na terça-feira (14), em sinal de retaliação ao “silêncio” do Governo quanto à implementação das “novas” margens de lucros decorrentes da venda desses produtos, que consideram “muito reduzidas e insustentáveis” para o investimento que fazem.
Tomé Vera Cruz, um dos proprietários de bomba de combustível e indicado porta-voz da associação, disse à saida do encontro que “foi-nos feita uma proposta, finalmente, depois de vários encontros, fruto dessa paralização que surtiu algum efeito”.
“Há uma proposta de restruturação de preço, uma proposta de anulação de alguns impostos que nos penalizava fortemente, que é o imposto de selo, que recaía sobre a margem que nos era atribuída, e esperamos pelo que nos disse o senhor ministro que dentro de 15 dias, tratando-se de uma situação que é regulada por decreto-lei, cuja alteração também terá que ser feita através de decreto-lei, o que compreendemos perfeitamente, que todo esse processo levaria duas semanas para ser resolvido, com as novas margens que foram propostas, dando crédito ao senhor ministro, esperamos que dentro desse prazo teremos todos os decretos publicados”, afirmou Tomé Vera Cruz.
O porta-voz do grupo deixou claro que caso o Governo não cumpra o prometido, “remeteremos o assunto à nossa plenária para decidir o que fazer”, sublinhou.
O primeiro-ministro já se tinha pronunciado sobre o assunto, no mesmo dia da suspensão da venda de combustível, na quarta-feira (15), dizendo que “o que está em causa, eles querem aumentar a margem, e nós temos estado a discutir há muito tempo sobre esta questão de aumento da margem. A maneira mais simples de aumentar a margem é aumentar o preço dos combustíveis, e sabemos e toda a gente sabe que aumentar o preço de combustíveis não é uma decisão simples, é uma decisão cheia de consequências”, adiantando que “combustível mais caro significa comida mais cara, transporte mais caro, e tudo mais caro” e que “não é uma questão que se resolve assim só”.
“Querem aumentar a margem vamos ver, a politica do governo não é fazer o consumidor final pagar o aumento da margem. Vamos ver do ponto de vista fiscal, o que podemos fazer entre o IVA, os impostos, margem, entre, entre o que podemos fazer para satisfazer a toda a gente”, disse o primeiro-ministro para concluir que “o diálogo é a melhor solução, as equipas estão a negociar há muito tempo” e que “quem está a ganhar dinheiro agora, com a paralização, é a Enco e Sonangol”, duas bombas com capital estatal, que não deixaram de vender combustível, inclusive, trabalharam 24 sobre 24 horas.
O porta-voz da Associação dos Vendedores e Revendedores de Combustível já havia deixado claro à saída do primeiro encontro, que “nós nunca dissemos que fechamos as bombas porque não há combustível, fechamos as bombas por causa dessa reinvindicação de rever a aplicação das margens de lucro, e não estamos a dizer nem a pedir para se aumentar o preço dos combustíveis”.
Tomé Vera Cruz deu alguns exemplos: “Vou dar exemplo de petróleo. Nós compramos 20 mil litros de petróleo, gastamos 410 mil dobras, sabe quanto é que temos dentro desses 410 mil? Temos 5 mil e 800 dobras! Vê o volume de quanto é que temos de investir e a margem que temos. E as máquinas, uma máquina destas custa 7 a 8 mil euros, o que eu ganho bruto, sem contar com outros custos operacionais? Custo com pessoal, manutenção das próprias máquinas, segurança social, energia, mesmo a bruto, nem daqui a cinco, dez anos eu consigo ter algum lucro, nem consigo amortizar a máquina”.
”Vê o caso da gasolina: vendemos a 37 dobras o litro, – ganhamos 1.13 cêntimos, o gasóleo vendemos a 35 ganhamos 55 cêntimos, petróleo 21 temos 29 cêntimos, – não estamos a exigir ao governo que aumente o preço de combustível, o que queremos é na estrutura do preços, até chegar ao preço de venda ao público há muitas componentes, e nessas componentes queremos que a nossa margem seja revista, de modo a tornar o lucro sustentável”, acrescentou Tomé Vera Cruz para concluir que “queremos uma margem que seja sustentável”.
Fim/MF