São-Tomé, 24 Nov. 2023 (STP-Press) –O primeiro-ministro são-tomense afirmou ontem (23) que Portugal é o principal destino de cerca de 24 mil são-tomenses que viajaram este ano, rejeitando dados avançados pelo Presidente da República, que apontou para uma emigração de mais de 50 mil pessoas.

“O nosso país não está tão mal assim, porque se uma pessoa ouve dizer que 25% da população está a sair do país, quer dizer [que] nós estamos quase num país em guerra […] então eu acho que foi só uma questão de má informação ou talvez [o Presidente da República] quis referir-se a 25% de uma categoria de pessoa e não da população”, explicou Patrice Trovoada.

Recorde-se que na terça-feira, Carlos Vila Nova disse que quase um quarto da população são-tomense emigrou este ano à “procura de melhores condições de vida, melhor formação e melhor saúde”.

Questionado, à margem da visita que fez às instalações da Polícia Judiciária e do Fundo Nacional de Medicamentos, sobre o número apontado pelo Chefe de Estado, Patrice Trovoada avançou dados do Serviço de Migração e Fronteiras (SMF), a ele comunicados, que apontam para 23 mil e 900 o número de são-tomenses que saíram do país em 2023, correspondente a cerca de 10% da população, tendo Portugal como principal destino.

Deste número, o primeiro-ministro sublinhou que a maioria beneficiou do visto de trabalho, indo à procura de emprego e melhores condições de vida, no âmbito do acordo de mobilidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que entrou em vigor este ano, e que cerca de 4 mil foram estudar em vários países.

Além destes, referiu que há ainda pessoas que viajaram em missão de serviço e outras que também regressam para residir em São Tomé e Príncipe.

O primeiro-ministro referiu-se também a “uma situação para a qual se deve olhar com preocupação”; são as evacuações sanitárias de junta médica, que já rondam 452 pessoas este ano, sem contar com os seus familiares e outras pessoas que vão em tratamento pessoal, totalizando 4.000 pessoas.

“É muita gente”, disse Patrice Trovoada, sublinhando que “temos que melhorar as condições de saúde cá no país e de tratamento”. O primeiro-ministro não dramatiza, no entanto, as discussões à volta da onda de emigração no país.

“Nós não condenamos essa vontade das pessoas saírem […] o que nós estamos a dizer é que temos que criar condições para que, quando as pessoas chegam lá fora, possam ter o máximo de sucesso possível nesta aventura”, referiu o primeiro-ministro.

“Temos que criar condições para que eles possam regressar um dia ao país ou pelo menos mandar também as remessas para quem ficou cá no nosso território. Por isso, não olhamos isso como um drama”, acrescentou Patrice Trovoada.

Fim/MF

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