São Tomé, 28 Jul 2023 – O Centro Cultural Português, em São Tomé, foi palco da apresentação oficial do documentário de investigação sobre os processos judiciais, envolvendo a cervejeira Rosema, intitulado “Rosema – O Maior Escândalo da Justiça São-tomense”, produzido por Nilton Medeiros e Jerónimo Moniz.
O documentário era aguardado com alguma expectativa ao nível nacional e até internacional, pela “fama” que a cervejeira ganhou, por causa dos processos judiciais, e ganhou mais projecção pelo facto da sua apresentação surgir poucos dias depois do Tribunal Constitucional ter decidido pela sua devolução aos irmãos Monteiro, retirando-a do empresário angolano Melo Xavier.
Foram muitos os que marcaram presença na apresentação do documentário, entre políticos, de várias frentes partidárias, empresários, sociedade civil, jornalistas, juristas, curiosos e outros.
Com narração de Nuno Tavares e efeitos sonoros de Simão Luz, o documentário foi produzido na base de depoimentos de várias personalidades envolvidas e/ou afectas à cervejeira, como o jurista Afonso Varela, antigo advogado da Jar (em defesa dos Irmãos Monteiro), o jurista Guilherme Pósser da Costa (em defesa de Melo Xavier), o jurista Carlos Semedo, juiz português jubilado (como analista dos factos), do antigo ministro da Justiça, Justino Veiga, de Leopoldo Machado Marques, antigo juiz do Supremo Tribunal de Justiça e Constitucional, Nelson Aguiar, antigo secretário-geral do Tribunal Constitucional, Óscar Baia, antigo director técnico da cervejeira, e dos dois maiores protagonistas: os irmãos Monteiro e o empresário angolano Melo Xavier.
Momento antes da rodagem do filme, na veste de apresentador, o jurista Hamilton Vaz considerou o processo Rosema como “uma vergonha para a Justiça são-tomense”, acrescentando que “tudo começou já torto… e continuou torno e com muitas falcatruas…”
Depois da apresentação, em breves considerações à plateia, o productor Nilton Medeiros disse “cabe agora a cada um tirar as suas ilações sobre este enigmático processo judicial sobre a cervejeira Rosema”, já que o documentário “tem como objectivo contribuir para o esclarecimento do caso que há mais de dez anos tem gerado inúmeras especulações e divisões na sociedade são-tomense”.
Disse ainda que “como viram, nós, simplesmente, contamos os factos acompanhados de documentos e nas vozes críticas e técnicas de pessoas que percebem e com conhecimento sobre o caso, e que não estamos aqui para acusar ninguém nem tão pouco puxar a brasa para sardinha de ninguém”.
O productor indicou que para a produção do documentário, com duração de duas horas, ele e o Jerónimo Moniz começaram desde 2017 a investigar o processo Rosema que tem mais de duas mil páginas.
Em declarações a STP-Press, um dos presentes, que pediu anonimato, disse que “ a ilação que pude tirar é que a Justiça sai muito mal nesta peça, porque o documentário dá provas que os fazedores da justiça andaram a “comer” muito dinheiro neste processo, com decisões judiciais intencionais em benefício próprio e de terceiros”.
O último episódio do processo Rosema deu-se há pouco menos de 20 dias, quando o Tribunal Constitucional decidiu devolver a cervejeira aos irmãos Monteiro, quatro anos depois de a ter retirado deles e devolvido ao grupo Melo Xavier, num autêntico “ping-pong” entre os dois protagonistas pela Justiça são-tomense e angolana.
Fim/RN