São Tomé, 13 Jul 2023 – (STP-Press) – O primeiro-ministro e chefe do Governo, Patrice Emery Trovoada, deu uma grande entrevista aos três órgãos da Comunicação Social estatais, nomeadamente, a TVS, Rádio Nacional e STP Press, em vésperas da celebração do 48º aniversário da Independência Nacional.
Sobre o que pensa dos 48 anos da Independência, o primeiro-ministro respondeu que “nem tudo está perdido”: “Estamos a tempo de corrigir, estamos a tempo de fazer melhor”, acrescentando que continua a acreditar que é possível “nós invertermos a situação”.
“Se nós considerarmos as condições à partida, em 1975, eu diria que podíamos ter feito mais e melhor, mas estou convencido de que estamos a tempo de corrigir, estamos a tempo de construir aquele futuro que foi sempre sonhado em 12 de julho de 1975. Estamos a tempo”, concluiu o primeiro-ministro.
Reconhece que o país atravessa uma situação difícil a todos os níveis; dificuldades de acesso à água, à luz, à estrada, educação, saúde, emprego, poder de compra entre outros constrangimentos, como “pouca disciplina, pouco mando, pouca autoridade de Estado”.
“Eu acho que os pais fundadores da República pensaram na unidade, na disciplina e no trabalho, mas pouco estamos a fazer para pôr tudo isto em prática”, argumentou Trovoada.
“Se continuarmos assim vamos a falência”, frisou Patrice Trovoada, apontado como solução a aposta no trabalho, disciplina e unidade, na base da competência e honestidade, sob uma visão estratégica para o desenvolvimento nacional.
“Eu sei que as pessoas não estão satisfeitas,… é normal porque a vida está difícil”, reconheceu.
Voltando ao presente, Patrice Trovoada enumerou uma série de acções que o XVIII Governo pretende realizar até ao fim do mandato, como as obras de ampliação do aeroporto, a construção do novo hospital, a reabilitação da marginal, a melhoria da produção energética, as ligações rodoviárias entre as principais comunidades agrícolas, a reforma da Justiça, a reforma da Administração Pública, a estabilização macroeconómica, a capitalização do sector privado, a criação de emprego, sobretudo, para os jovens, entre outras.
Para a recuperação económica, o primeiro-ministro elencou um conjunto de acções prioritárias a curto prazo para estancar a falta de divisas, de modo a fomentar a exportação, combater à inflação, garantir a estabilidade energética, a stokcagem de combustíveis, correções aos impactos negativos do IVA, restabelecer o equilíbrio no poder de compra e outras medidas para suavizar o custo de vida da população.
Quanto às estimativas das centrais sindicais de o salário mínimo ser na ordem de dez mil dobras mensais, face a actual conjuntura do país, decorrente do IVA e da inflação, Patrice Trovoada remete para finais de Julho ao encontro entre o governo e os sindicatos para ver a possibilidade de um consenso em conformidade com as alterações do custo de vida, considerando até “legítimas” as últimas reivindicações sindicais.
Mas o primeiro-ministro apela ao envolvimento de todos os são-tomenses no processo de relançamento do país ao patamar de desenvolvimento sustentável e diz que como político, como chefe do Governo, “o que mais me preocupa é a questão da sustentabilidade económica e a questão do bem-estar das populações”.
No âmbito da política interna, questionado sobre as relações com o Presidente da República e com a oposição, nomeadamente, com o MLSTP, Patrice Trovoada disse que já governou com vários presidentes; com Fradique de Menezes, Pinto da Costa e Evaristo de Carvalho, e que qualquer informação sobre um possível mal-estar com o presidente Carlos Vila Nova “não passa de conversas de rua, de intrigas”.
Com o MLSTP/PSD, Patrice Trovoada acusou o partido liderado por Jorge Bom Jesus de ser pouco dialogante e pouco apaziguador.
“Eu quero dançar tango com MLSTP, mas o MLSTP tem de querer dançar comigo! E algumas declarações do MLSTP, por amor do Deus, isto para mim não é política,… se fizerem outras opções mais dialogantes e mais positivas, tomando em conta a situação do país, que eles têm muitas responsabilidades, eu estarei sempre disposto”, referiu.
Sobre a próxima cimeira da CPLP, prevista para Agosto na capital são-tomense, o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, considerou ser “um desafio para todos os são-tomenses” e que os preparativos estão a decorrer a bom ritmo. Disse tratar-se de uma cimeira que marcará o “regresso do Brasil à Africa”, em referência à presença do presidente Lula da Silva.
Fim/RN,MF