São Tomé, 27 Abr 2023 (STP-Press) – O ex-primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, devolveu as acusações do actual primeiro-ministro, Patrice Trovoada, no debate sobre o Estado da Nação, de que o seu executivo fez uma gestão ruinosa do país, no período 2018/2022, declarando, entre outras, que foi resultado da herança deixada pelo então governo do ADI em 2018.
Jorge Bom Jesus disse a Patrice Trovoada “falou tanto da EMAE, esqueceu-se que nós encontrámos o país totalmente apagado e as pessoas se lembram; sem combustível, as pessoas se lembram, com salário também por pagar com recursos aos bancos, portanto, uma série de dívidas ocultas”.
O líder do MLSTP/PSD, que chefiou o executivo da maioria parlamentar, entre 2018/2022, disse ainda que Patrice Trovoada “acabou por não tocar em quase nada sobre a herança de 2014/2018”, de que foi primeiro-ministro, adiantando que “recebemos o país também com problemas cambiais que mal chegavam para dois meses de importação na altura”, respondendo às acusações de que teria deixado os cofres do Banco Central num vermelho que só chegavam para um dia de importação.
Outras justificações de Jorge Bom Jesus foram “eu não busco refúgio no Covid-19, mas o senhor primeiro-ministro não teve Covid-19, nem teve enxurradas, nem a guerra na Ucrania e tinha na altura uma maioria absolutíssima de 33 deputados. É bom que não se esqueça do impacto que tivemos depois de 2019”, lembrou o líder do MLSTP/PSD.
Jorge Bom Jesus acusou ainda Patrice Trovoada de ter fugido do país após as eleições de 2018, sem prestar nenhum tipo de contas, e que hoje tem a oportunidade de tê-lo aqui, enquanto ex-primeiro-ministro, a discutir o Estado da Nação.
Por fim, Jorge Bom Jesus disse que “ao ouvir o discurso do senhor primeiro-ministro sobre o Estado da Nação fica-se com impressão de que senhor acabou de desembarcar, nem parece que está exercer esta função pela 4ª vez, que deveria ser melhor conhecedor do país, porque também acompanhou o seu pai durante os dez anos de sua presidência”.
O debate sobre o Estado da Nação foi ontem no parlamento, a pedido do partido no poder, o ADI, que tem a maioria absoluta de trinta deputados, o MLSTP/PSD, que liderou a coligação governamental no anterior executivo tem dezoito.
No discurso de ontem, o actual primeiro-ministro acusou o governo de Jorge Bom Jesus de ter feito uma gestão danosa, conduzindo o país e as maiores empresas à situação de endividamento extremo e que as empresas públicas que deveriam contribuir para os cofres do Estado tornaram-se um verdadeiro cancro para o país, com as suas metástases de dívidas, corrupção, nepotismo e negócios obscuros de todas as espécies.
Hoje, quinta-feira, 27, está agendado o Debate de Urgência, desta vez, convocado pelo MLSTP/PSD.
Fim/RN,MF