Por: Manuel Dênde e Leonel Mendes, jornalistas da STP-Press 

São Tomé (São Tomé e Príncipe), 04 Jun. 2021 (STP-Press) – São Tomé e Príncipe despertou, na manhã deste sábado , com o colorido de cartazes que marcam o início das campanhas às Eleições Presidenciais de 18 de Julho, envolvendo 19 pretendentes ao posto de quinto inquilino do “Palácio Cor de Rosa”.

Os 123 mil eleitores inscritos irão no próximos 15 dias ouvir as propostas dos 19 candidatos sancionados pelo Tribunal Constitucional, sendo três mulheres e 16 homens.

Para estas eleições, além de eleitores residentes no País, mais de 14 mil, são da Diáspora, com Portugal, com mais de sete mil eleitores. 

Mais de 200 Assembleias de Voto no País e na Diáspora 

As autoridades eleitorais criaram mais de 200 Assembleias de Voto e exigiram como condição prévia ao exercício do direito de voto no dia 18 de Julho que cada eleitor respeite e observe as medidas de bio-segurança, compreendendo a higienização, distanciamento social e uso correto das máscaras faciais prescritas pela OMS, a fim de se proteger da infecção do COVID-19. 

Das três candidatas, Maria da Neves, do MLSTP, aparece como independente na sua terceira tentativa ao cargo, é a mais velha e experiente, tendo já ocupado funções de Primeira-ministra, Vice-presidente da Assembleia Nacional e também ministra da Economia.

Outras duas são, nomeadamente, Elsa Pinto, Vice-Presidente do MLSTP que também aparece nessa corrida como independente, tendo já ocupado os cargos de ministra da Justiça, Defesa e recentemente dos Negócios Estrangeiros, e por fim, Elsa Garrido, a mais nova das três, lidera e é apoiada pelo partido político “Movimento os Verdes”.

Dos independentes com ligações aos partidos, destacam-se Olinto Neves, do MDFM/PL, Mike João Bonfim, do “Movimento os Verdes”, Carlos Stock, do ADI, Eugénio Tiny, do MDFM/PL, Aurélio Martins, do MLSTP, Jorge Amado, do MLSTP, Vítor Monteiro, do MLSTP, Abel Bom Jesus, do ADI e Roberto Garrido, do MLSTP.

Moisés Viegas e Manuel do Rosário, constituem os candidatos a quem não lhes são apontadas ligações a qualquer partido político. 

Delfim Neves, corporiza apoio do PCD e alguns partidos extraparlamentares 

Porém, curioso, é o facto do PCD, um partido parlamentar, ser das poucas forças políticas do País onde diferenças e contradições eleitorais passam-lhe ao lado e apresentou neste pleito, Delfim Neves, como único candidato. 

De igual modo, Delfim Neves corporiza apoio, igualmente, de quase todos partidos extraparlamentares, nomeadamente, do PTS (Partido Trabalhista) de Anacleto Rolim, da UNDP (União Nacional para Desenvolvimento e Progresso) de Paixão Lima e a FDC (Frente Democrática Cristã) de Hamilton Barbosa. 

Pósser da Costa, ganhou no Conselho Nacional o apoio do MLSTP

Se é verdade que MLSTP deu o seu apoio político a Guilherme Pósser da Costa, antigo Primeiro-ministro, este partido, além de Elsa Pinto, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros, corporiza, igualmente, Aurélio Martins e Jorge Amado, estes dois antigos líderes deste partido histórico, e ainda o Coronel (na reserva) Victor Monteiro, antigo ministro da Defesa Nacional. 

Vila Nova surge como rosto do ADI

A dissidência vem igualmente do ADI, partido na Oposição, que, além do seu candidato Carlos Vila Nova, ex-ministro das Obras Públicas, tem, Carlos Stock, um ex-ministro da Defesa Nacional que requereu mas viu gorado o pedido de apoio deste mesmo partido.

Carlos Neves, representa o MDFM/PL-UDD

O antigo Embaixador de São Tomé e Príncipe nos Estados Unidos de América e em Portugal, Carlos Neves, surge nessa corrida presidencial como o candidato consensual da coligação no Poder, o MDFM/PL-UDD.

Contingências do COVID-19 marcam às eleições no País 

Estas eleições, além de serem realizadas no quadro da pandemia do COVID-19, são, igualmente, atípicas também, pelo facto de muitos eleitores consideram exagerado o número de candidatos, 19. Um número nunca registado nos boletins de voto em São Tomé e Príncipe. 

E a luz destas eleições, ao qual já se conta o tempo no período decrescente para o dia 18 deste mês de Julho, principais artérias da cidade de São Tomé e Príncipe, capital do País, está vestido de cartazes de alguns candidatos, incluindo em equipamentos móveis como viaturas e motas. 

Contrariamente aos anos anteriores, vê-se que principais edifícios desta urbe não têm cartazes como limitação jurídico-institucional, que, interdita-as a situações de propaganda compreendendo colagem de publicidade, incluindo políticas. 

Comissão Eleitoral apela a observância de medidas de segurança sanitária e regras básicas da democracia 

Na mensagem endereçada ao País, Fernando Maguengo, líder da Comissão Eleitoral Nacional (CEN), pediu aos eleitores e candidatos ao pleito, maior observância de regras básicas do escrutínio, recordando que o respeito por essas regras e aceitação dos resultados o qual traduziu-se algumas vezes em alternância democrática, catapultou São Tomé e Príncipe para o campeão da democracia e o grande exemplo a nível de África Central. 

Com custos enormes, estas eleições financiadas em cerca de 90% pela Comunidade Internacional, compreendendo mais de dois milhões de dólares, afigura-se complicada antever-se um vencedor a primeira volta, ao qual alguns observadores acreditam num recurso a segunda volta que, recorrendo a uma gíria desportiva apelidam-nas de “prolongamento” para se decidir um vencedor que não se vislumbra dentro dos 90 minutos deste jogo político. 

Não existe propriamente dito, um debate, mas cada candidato tem direito na única televisão local a uma entrevista de 50 minutos. 

Os tempos de antena, a luz da Lei são observados na Rádio Nacional e televisão local, TVS, com a duração de cinco e 10 minutos, respetivamente, para cada candidato. 

Fenómeno “banho” marca às Eleições no País 

Os candidatos mais endinheirados (com uma diferença desproporcional em relação aos outros), fazem resgatar o chamado fenómeno denominado “banho” (atribuição do dinheiro aos eleitores), o qual critica-se, por exemplo, a compra de consciência dos eleitores. 

Aliás, este fenómeno tem sido objecto de discussão televisiva entre os candidatos, onde, á partida, todos negam e prometem combatê-lo, mas hipocritamente percebe-se que quase todos fazem-no, havendo inclusive um candidato que reconheceu que “quem não dá banho não ganha eleições”. 

Ausência de pesquisas obviamente que dificultam ainda mais uma antecipação deste jogo político, mas, aqui em São Tomé e Príncipe, é vulgar dizer-se ou ouvir-se que “o Povo Soberano manda nas urnas”.

Receia-se, um eventual agravamento de abstenção a luz do desinteresse dos cidadãos pela vida política, assim como consideram que excesso de candidatos comporta eventualmente uma “banalização” do cargo de Presidente da República.

Na última eleição, a percentagem de abstenção atingiu a barreira de mais de 40%. 

Evaristo Carvalho sai da Presidência como “homem de paz e estabilidade”  

E assim, se espera no dia 18 conhecer (se possível) quem será o sucessor de Evaristo Carvalho, eleito em 2016 e, que, por sinal, é o primeiro Chefe de Estado do País que não volta a brigar para um segundo mandato, mas já é apelidado no país de “homem de Paz” pelo facto de não deitar nenhum Governo a baixo conforme fez os seus antecessores, Miguel Trovoada, Fradique de Menezes e Manuel Pinto da Costa. 

Todavia, se é verdade que não há sondagens credenciadas, no País, muitos São-tomenses à partida já têm uma ideia de quem é quem. Por exemplo, José Maria dos Santos, residente no Bairro de Água Porca, uma das localidades do Distrito urbano de Água Grande, já não tem dúvida quando afirma que estas eleições são nomeadamente um campeonato de futebol onde se assiste equipas de primeira, segunda e terceira divisão. 

“O povo sabe e conhece as melhores equipas, nomeadamente Praia Cruz, UDRA e a Vitória do Riboque e o vencedor deste campeonato vai sair entre uma destas três equipas mais fortes de primeira divisão”, explicou. 

Sustenta ainda o nosso entrevistado que, “a verdade, o importante é que nós consigamos eleger um Chefe de Estado que consiga unir, devolver a dignidade e uma nova dinâmica no processo de desenvolvimento a São Tomé e Príncipe, num clima de Paz e harmonia”. 

Resultados e observadores

No entanto as urnas fecham as 19TMG, e, a CEN, admite publicar resultados parciais destas eleições, por volta, das 23 horas. 

E como é habitual, autoridades São-tomenses fizeram convites a alguns países e algumas organizações internacionais, das quais a União Africana (UA), a Comissão Económica dos Estados de África Central (CEAC), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a União Europeia, uma ONG americana, nomeadamente Centro Jimmy Carter (dos Estados Unidos de América). 

Fim/MD/LM

STP-Press 

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