São Tomé, 28 Abr 2020- Atualmente, a epidemia de COVID-19 está se espalhando globalmente. Relatórios e debates sobre a origem e disseminação do novo coronavírus (SARS-CoV-2) são frequentemente misturados com alegações falsas. Nas redes sociais e em alguma imprensa tradicional, mentiras, rumores e teorias da conspiração são muito populares. Seus veiculadores têm motivos próprios, alguns pretendem difamar oponentes políticos e institucionais e outros até acusam países, nações e religiões específicas.
A China foi particularmente afetada por essa “epidemia de informação”. Este artigo classifica os 12 rumores mais comuns sobre a China durante a epidemia Covid-19 e os refuta um a um com base no conhecimento científico e em argumentos factuais, na esperança de injetar um espírito mais prático e honesto nas discussões relevantes.
Rumor 1: o novo coronavírus foi criado em um laboratório chinês
Realidade: todas as evidências indicam que o novo coronavírus origina da natureza
O novo coronavírus é um novo tipo dos coronavírus conhecidos nas últimas décadas. A OMS observa que todas as evidências disponíveis indicam que o novo coronavírus se originou na natureza, não artificialmente. Atualmente, a comunidade científica não esclareceu a fonte natural específica do novo coronavírus e especula apenas que o vírus possa estar associado a morcegos e pangolins.
Rumor 2: a Covid-19 originou de um acidente de laboratório no instituto de investigação de virologia de Wuhan
Realidade: o instituto de investigação de virologia de Wuhan não tem nada a ver com a origem da Covid-19.
O Laboratório Nacional de Biossegurança do Instituto Wuhan de Virologia, parte da Academia Chinesa de Ciências, possui um nível certificado de proteção P4 e pode lidar com os patógenos mais mortais do mundo. O laboratório fica a cerca de 30 quilômetros do centro de Wuhan e é impossível para o vírus deixar um laboratório de tão alta segurança.
A EcoHealth Alliance é uma organização sem fins lucrativos com sede em Nova York, EUA. O presidente da aliança, Dr. Peter Daszak, é responsável pelo estudo de doenças infecciosas emergentes em todo o mundo e colabora com o Instituto de Pesquisa em Virologia de Wuhan há 15 anos. Em uma entrevista ao site de notícias dos EUA “DemocracyNow” em 16 de abril de 2020, Daszak disse que a alegação de que o COVID-19 escapou do laboratório era pura tolice.
Rumor 3: o novo coronavírus é chinês porque originou em Wuhan
Realidade: O nome oficial do novo coronavírus é SARS-CoV-2. Wuhan foi o primeiro lugar onde foram registrados casos desse vírus, mas não é necessariamente a fonte do novo coronavírus.
Em dezembro de 2019, Wuhan informou pela primeira vez sobre a descoberta de uma nova infecção por coronavírus, que era então conhecida como pneumonia atípica. Mas a fonte exata do vírus não tem conclusões científicas claras. Historicamente, o local onde um vírus é descoberto pela primeira vez, geralmente não é a fonte. Os Estados Unidos relataram inicialmente casos de infecção por HIV, mas sua origem mais provável é a África Ocidental; Marburg, descoberta pela primeira vez em Marburg, Hesse, Alemanha. Este vírus provavelmente se originou no Uganda:
Para evitar a estigmatização, a OMS emitiu recomendações sobre a nomeação de doenças infecciosas e patógenos humanos em 2015, pedindo para evitar o uso de nomes de lugares, nomes de países e pessoas, nomes de animais e conceitos que podem causar pânico:
O novo coronavírus foi oficialmente nomeado SARS-CoV-2, em 11 de fevereiro de 2020.
Rumor 4: em meados de novembro de 2019, a China foi informada do início do surto e ocultou informações relevantes durante 45 dias
Realidade: as instituições oficiais da China receberam pela primeira vez informações sobre um caso de pneumonia atípida em 27 de dezembro de 2019 e publicaram seu primeiro aviso de epidemia em 31 de dezembro de 2019.
Em 27 de dezembro de 2019, Zhang Jixian, diretora do Departamento de Medicina Respiratória do Hospital Provincial de Medicina Chinesa e Ocidental de Hubei, relatou três casos de pneumonia atípica ao CDC do distrito de Jianghan. Foi a primeira vez que instituições oficiais chinesas obtiveram informações sobre a epidemia COVID-19. Em uma entrevista recente, o Dr. Zhang descreveu o processo de apresentação de relatórios e informações médicas.
Rumo 5: a China ocultou a verdade sobre a epidemia de Covid-19 durante muito tempo antes de se tornar pandemia global
Realidade: a China notificou pela primeira vez o público nacional e global da epidemia e tomou as mais rigorosas medidas de prevenção e controle no menor tempo possível, dando ao resto do mundo pelo menos seis semanas para se preparar.
A OMS confirmou o cronograma anterior no seu portal oficial da web a 8 de abril:
O Sars-CoV-19 é um vírus descoberto recentemente. Na fase inicial do surto, quase não havia base de referência científica capaz de demonstrar que este novo vírus poderia causar uma pandemia perigosa. Depois de finalmente se confirmar que o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa e que, provavelmente, causa uma taxa de mortalidade mais alta que a gripe, o governo chinês imediatamente emitiu um aviso ao público e adotou as medidas mais rigorosas, abrangentes e preventivas de controle exaustivo. Em 23 de janeiro, a cidade de Wuhan foi colocada em quarentena. Em 25 de janeiro, a província de Hubei, com uma população de 60 milhões, também foi encerrada.
Um mês após o encerramento de Wuhan, em 23 de fevereiro, 78.811 casos foram diagnosticados em todo o mundo, dos quais apenas 2,2% estavam fora da China. Até então, exceto no leste da Ásia, o resto do mundo mal havia tomado medidas preventivas eficazes.
Rumor 6: a China ocultou e reportou com inexatidão o número de casos diagnosticados e mortos por Covid-19
Realidade: a China sempre foi transparente no diagnóstico e no número de mortes do COVID-19 e cumpriu suas obrigações de informar.
Em 20 de abril de 2020, o número acumulado de casos Covid-19 recém-diagnosticados contabilizados em Wuhan era de 50.333, com 3.869 mortes e uma taxa de mortalidade de 7,69%, acima da média mundial.
O pequeno número de casos confirmados e mortes na China é atribuído a medidas oportunas, estritas e abrangentes de prevenção e controle tomadas pelo governo chinês, incluindo medidas para fechar as vias de acesso à cidade de Wuhan. Segundo o relatório de pesquisa da revista Science, as medidas anteriores reduziram o número de pessoas infetadas na China em mais de 700.000.
Rumor 7: a China manipula a OMS para assegurar que esta não dirige críticas ao país
Verdade: a OMS é uma organização internacional independente composta por 194 membros da Organização das Nações Unidas e não pode ser manipulada.
Entre os 21 membros da equipa de liderança na sede da OMS, está apenas um membro chinês e 11 dos EUA, União Europeia e Canadá. Ren Minghui, da China, serve como diretor-geral assistente na OMS para a prevenção da AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas desde janeiro de 2016.
Antes de anunciar a suspensão do financiamento da OMS, os EUA eram o maior contribuinte da instituição. Incluindo contributos voluntários, a China é a sexta maior fonte de financiamento da OMS.
Não só a China, mas quase todos os estados membros apoiam o trabalho do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. As teorias de que o diretor-geral “depende da China” e que fora “eleito apenas com o apoio da China” são infundadas.
Rumor 8: A China é responsável pela pandemia e tem de compensar o mundo
Realidade: os vírus são um inimigo comum da humanidade e a China é também uma vítima. Não há base legal para exigir uma “compensação” à China.
Os vírus são o inimigo comum do ser humano, e podem surgir a qualquer altura e em qualquer lugar. A China, como os outros países é também uma vítima.
A OMS anunciou a 30 de janeiro que o novo coronavírus constitui “uma emergência de saúde pública de interesse internacional”. Tal ocorreu um mês após a China ter enviado, sem atraso, a primeira notificação à OMS.
As leis e regulamentos internacionais de saúde não fornecem uma base para um estado se responsabilizar por uma pandemia. Contudo, alguns juristas internacionais acreditam que a China deve ser responsável e pagar compensações pela pandemia do novo coronavírus. Nesse caso, quem deverá compensar por epidemias como a gripe H1N1, AIDS, e BSE?
Rumor 9: a China está ajudando outros países a combater a epidemia apenas para expandir a sua influência geopolítica
Realidade: a China ajuda outros países por motivos humanitários e de solidariedade. Além disso, a China acumulou experiência útil na luta contra epidemias.
O vírus não conhece fronteiras e nada tem a ver com a cor de pele ou idioma. A ajuda da China a outros países na luta contra a epidemia provém, não só do espírito humanitário internacional, mas também da crença em uma comunidade de destino comum para a humanidade.
A ajuda da China a outros países é também uma manifestação tradicional de agradecimento da nação. No momento mais severo da epidemia na China, no final de janeiro e início de fevereiro deste ano, muitos países no mundo destinaram ajuda ao país. O povo chinês tem isso em estima, sendo que Wang Yi, conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores, enfatizou a gratidão chinesa durante uma conversa com Josep Borrell, ministro dos Assuntos Exteriores, União Europeia e Cooperação da Espanha.
A China acumulou experiência útil na luta contra epidemias. Após dois meses de prevenção e controle rigorosos, a situação da China foi, por fim, contida. O escritório europeu da OMS acredita que a experiência da China pode ser usada como referência para outros países e pode ajudá-los a delinear e implementar de modo mais eficaz medidas capazes de tratar doenças críticas.
Rumor 10: os produtos médicos importados da China são contrafeitos e de qualidade duvidosa.
Realidade: a China leva a cabo inspeções rigorosas de qualidade nos produtos médicos exportados. Parte do problema deriva do uso impróprio ou da diferença de regulamentações entre a China e o resto do mundo.
De acordo com dados da Administração Geral Alfandegária da China, entre 1 de março e 4 de abril de 2020, o país exportou um total de 10,2 bilhões de yuans de materiais de prevenção epidemiológica, incluindo 3,86 bilhões de máscaras, 37,52 milhões de roupas protetoras, 2,41 milhões de termómetros, 16000 ventiladores, 2,84 milhões de caixas de reagentes de deteção do novo coronavírus e 8,41 milhões de pares de viseiras. Os produtos onde foram detetados problemas de qualidade foram em número reduzido.
Desde 2 de abril, o governo chinês emitiu políticas para reforçar a qualidade de gestão das importações de materiais médicos. Os produtos expedidos têm não somente de obedecer aos requisitos da autoridade nacional regulatória de medicamentos, mas também aos padrões do país importador.
Rumor 11: a China o novo coronavírus para paralisar a economia ocidental
Realidade: a economia chinesa está intrinsecamente ligada à economia mundial. A economia chinesa só pode ser bem sucedida se a economia do resto do mundo estiver dentro da normalidade.
A economia chinesa foi profundamente afetada pela epidemia do novo coronavírus. No primeiro trimestre do ano, o PIB chinês caiu em 6,8%, o valor mais baixo deste que a China começou a contabilizar o PIB, em 1992. A última vez que a China experienciou uma contração econômica desta magnitude data de 1976.
Desde que a China se juntou à OMS em 2001, a economia do país foi, progressivamente, se integrando com o resto do mundo. Em 2019, as importações e exportações da China perfizeram 31,54 trilhões de yuans, dos quais 17,23 representam exportações, contribuindo para 18% do total da economia. A China e o mundo são interdependentes, sendo do interesse da China que a economia mundial recupere rapidamente e cresça de modo sustentado.
Rumor 12: a China reabriu os seus mercados de animais selvagens
Realidade: não existem neste momento mercados de animais selvagens na China. A legislação do país proíbe a caça, comércio, transporte e consumo de animais selvagens.
O 16º encontro do Comitê Permanente da 13ª Assembleia Popular Nacional aprovou a “Decisão do Comitê Permanente da 13ª Assembleia Popular Nacional para a Poibição Integral do Comércio de Vida Selvagem, Eliminação de Animais Selvagens e Proteção da Saúde Popular”. O Fundo Mundial para a Natureza aprovou tal decisão.
O que reabriu em Wuhan foi o mercado tradicional dos agricultores de Wuhan, o qual vende legumes, frutas, marisco e carnes, sendo que segue rigorosamente os regulamentos sanitários relevantes e cujas características não se distinguem dos homólogos europeus.
Fim/ Embaixada da China em São Tomé e Príncipe