Por: Manuel Dendê,  jornalista da Agência de Notícias STP-Press

São Tomé, 09 de Out. 2019 (STP-Press) – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe ouvirá esta quarta-feira, às 14 horas, explicações do Bispo da Igreja Universal de Reino de Deus, sobre as circunstâncias de detenção de um cidadão São-Tomense, Pastor da referida igreja na Costa do Marfim, – apurou hoje, a Agência STP-Press.

Alda Ramos, porta-voz da CPI anunciou que caso o Bispo não compareça a esta segunda convocação da CPI, as autoridades São-Tomense ver-se-ão obrigadas a adoptarem medidas coercivas contra Igreja Universal, porque “o Bispo não está acima da Assembleia Nacional”.

O ultimato da CPI surge na sequência de uma queixa que uma cidadã São-tomense, Ana Paula Veloso, apresentou a Assembleia Nacional sobre a detenção de Iudmilo Veloso, seu marido, enviado para Abidjan (Costa do Marfim) em missão oficial religiosa desta Igreja.

O clima adensou-se devido ao facto do Bispo, entidade máxima da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) convocado para depor na CPI, terça-feira, dia sete, às 15:30 numa audiência na CPI, nas instalações da Assembleia Nacional, ter faltado a audiência, fazendo-se substituir por um Pastor que o Presidente da CPI, Cílcio Santos, recusou auscultá-lo.

Ana Paula Veloso relatou à imprensa após ter sido auscultada pela Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI), composta por alguns Deputados da 1ª e 2ª Comissão Especializada da Assembleia Nacional e presidida pelo Deputado Cílcio Santos, que a desconfiança e perseguição começou em 2014, na sequência de uma alegada rixa entre pastores Brasileiros e Africanos.

“O clima tornou-se insustentável e complexo lá [Abidjan], porque eu como esposa [Ana Paula Veloso] dele, vim de férias ao País [São Tomé e Príncipe] e de regresso [á Abidjan] orquestram uma cabala contra o meu marido, dizendo que ele [marido] violou e engravidou uma Senhora”, disse.

“Não estou a defender o meu marido, mas o estranho é que a própria suposta vítima mostrou-se estranha e perplexa com tudo isso quando ela se apercebeu que o seu telefone estava a ser rastreado e que ela teria sido violada quando não foi, e que ela estava supostamente grávida”.

De acordo ainda com a Ana Paula Veloso na sequência dessas rixas, o pastor-chefe decidiu baixar a categoria do seu marido e quando foi detido “eu nem soube. Soube, através de uma terceira pessoa e quando tentei liga-lo pelo seu telefone, alguém disse-me, pelo seu telefone que ele [marido] falaria depois comigo”.

“O meu marido, hoje está na cadeia e lamentavelmente devido a situações de acusações falsas, discriminação racial entre pastores brasileiros e africanos”, adiantou, pontuando que “situações que denunciou em Redes Sociais”.

Segundo ainda Ana Paula Veloso, seu marido, pastor Iudmilo acaba por cair numa alegada cilada resultante da desconfiança de um pastor-chefe e que traduziu-se na baixa de categoria.

E uma vez detido pelas autoridades Ivoirenses deixou de ter contacto com o seu marido e esta recebe ordens para deixar este país de África ocidental.

E regressa, Ana Paula Veloso, mãe de um filho e actualmente grávida do segundo filho, há um mês se encontra em São Tomé, para o qual teve trânsito arriscado em Libreville, uma vez que tinha Passaporte aspirado e a Igreja apenas lhe deu dois mil dólares para voltar para São Tomé na companhia de um filho de tenra idade, deixando marido na cadeia central de Costa do Marfim.

Ela disse que todas tentativas para contactar o seu marido traduziram-se infrutíferas, dado que a IURD explica que pastor Iudmilo Veloso teria alegadamente cometido infracções as leis internas da Costa do Marfim.

Para a Deputada Alda Ramos, Porta-voz da CPI “trata-se de um Cidadão Nacional que está numa situação que a Nação, e o País quer saber e conhecer a sua situação e para tal, agiremos para proteger e salvaguardar a vida de qualquer cidadão São-tomense”.

Defendeu que este cidadão “tem de regressar ao país são e salvo”, pedindo ao Governo da República para fazer a sua parte.

Para Alda Ramos, quem lhe enviou para Costa do Marfim em 2008, foi a IURD, e deve ser essa instituição a garantir o seu regresso a São Tomé e Príncipe sem quaisquer constrangimentos.

Disse que Assembleia Nacional vai levar o caso até as ultimas consequências “e se for o caso para agirmos e adoptar outras medidas fá-lo-emos, não duvidem”, garantiu Ramos, Deputada da Bancada Parlamentar do Partido Acção Democrática Independente (ADI), maior grupo parlamentar no hemiciclo nacional, com 23 Deputados.

Fim/MD/LM

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