São-Tomé, 03 Jul 2024 (STP-Press) – O Presidente da República, Carlos Vila Nova, pediu maior controlo emocional de todos os são-tomenses para uma “eventual” situação de descoberta de petróleo com valor comercial em São Tomé e Príncipe.
O Chefe do Estado fez a afirmação quando presidia a abertura, na quinta-feira (28), da Conferência Internacional sobre a Indústria Petrolífera são-tomense, no quadro das actividades comemorativas dos 20 anos da Agência Nacional de Petróleo de São Tomé e Príncipe (ANP), assinalados no dia 30 de Junho.
O Presidente da República foi mais além e desejou que uma eventual descoberta comercial de petróleo seja “uma bênção e não uma maldição” para o país e a todos os são-tomenses”.
“Consciente das nossas enormes necessidades, reconheço que as expectativas em geral são altas, pelo que eu gostaria de apelar, mais uma vez, ao controlo emocional de todos e focar os nossos pensamentos em acções de bem-estar para todos os são-tomenses e para o nosso querido país”, afirmou o presidente.
“Nesta esperança, concluo, aproveitando, esta feliz ocasião, para felicitar a Agência Nacional de Petróleo, e agourar sucessos, em parceria com as empresas petrolíferas que operam no País […], para que nos possam brindar em melhor oportunidade com a tão esperada notícia de uma descoberta comercial, que os nossos santos padroeiros, Tomé e António, intercedam por nós e que a acontecer essa descoberta seja para o povo são-tomense uma bênção e não uma maldição”, desejou o Presidente da República, Carlos Vila Nova.
Ao referir-se à entidade organizadora do evento, o Presidente da República reconheceu os muitos desafios enfrentados pela agência [Agência Nacional de Petróleo] para exercer, em plenitude, as suas funções de órgão regulador, não obstante gozar da autonomia administrativa financeira.
Na sua intervenção, o director executivo da Agência Nacional de Petróleo, Álvaro Silva, resumiu às realizações e expectativas da empresa, nomeadamente, no que concerne às operações de perfuração em curso, destacando que “em 2022 tivemos a primeira perfuração na nossa zona económica exclusiva que, embora não tenha logrado uma descoberta com carácter comercial, foi considerada um sucesso técnico pelos operadores do referido bloco e deu pistas e orientações para as próximas etapas”.
O director executivo da ANP disse ainda que há empresas petrolíferas que decidiram escolher São Tomé e Príncipe para investir, […] “permitam-me a liberdade de afirmar que vocês são integralmente parte deste processo, esperamos estar juntos na saúde, eventualmente, na doença, nos desafios e nas conquistas, e que a descoberta e a produção do petróleo e gás jamais nos separe”, afirmou Álvaro Silva dirigindo-se aos representantes das empresas petrolíferas que operam no país presentes na conferência.
Primeiro-ministro pede apoio às empresas petrolíferas para projectos de transição energética em curso no país
Na sessão de encerramento da conferência, que aconteceu no período da tarde, intervieram, tal como no período da manhã, vários outros representantes das empresas petrolíferas que operam e as que têm interesses no país, peritos e técnicos nacionais e estrangeiros.
A sessão de encerramento foi presidida pelo primeiro-ministro, Patrice Trovoada, que pediu apoio às empresas petrolíferas, particularmente, as que operam na Zona Económica Exclusiva de São Tomé e Príncipe, no sentido de implementar a transição energética, em curso no país, visando, sobretudo, a promoção do turismo e a preservação do ambiente.
Na sua intervenção o primeiro-ministro recordou que foi “um dos primeiros” a lidar com a matéria petrolífera em São Tomé e Príncipe, fazendo referência ao ano 1998, e falou dos desafios, erros e aprendizagens que o país tem enfrentado, “sem ter ainda descoberto o petróleo em quantidade comercializável”.
Tendo declarado que “estamos numa fase relativamente avançada na busca do potencial comercial”, Patrice Trovoada disse que “nessa história entre o sonho até o realismo”, acha que “nós não estamos mal, estamos bem, leva tempo, mas estamos a caminhar com os passos certos”.
Quanto à questão ambiental e a pretensão do seu executivo em conseguir, pelo menos, produzir 40% de energias limpas até ao próximo ano, o primeiro-ministro são-tomense aproveitou a ocasião para pedir ajuda às companhias petrolíferas neste domínio:
“Queremos um país descarbonizado, queremos um país virado sobretudo para o turismo, queremos um país em que se preserve, de facto, o ambiente sobre todas as suas formas, mas queremos também rendimentos”, sublinhou.
Segundo Patrice Trovoada “já deixámos de sonhar, nós estamos a contar com turismo, com cacau e com a pesca e que o petróleo é um bónus. Nós não estamos, de facto, focalizado que tudo vai depender de petróleo. Se amanhã tivermos petróleo, nós não queremos que essa euforia nos leva a aceitar tudo e de todos, só por causa do dinheiro”, deixou claro o primeiro-ministro.
Fim/RN/MF