São Tomé, 09 Mai 2024 (STP-Press) – O primeiro-ministro, Patrice Trovoada, explicou ontem, em entrevista à RDP-África, que o acordo militar assinado entre São Tomé e Príncipe e a Rússia é um “acordo normal, perfeitamente normal e habitual como STP tem também com outros países ocidentais”.
“Um acordo no domínio militar, mais ou menos, no mesmo formato que temos com os países ocidentais e com outros países”, começou por responder o primeiro-ministro para concluir que “não me parece ser algo de novo, nem de preocupante”.
O primeiro-ministro descarta qualquer mudança de estratégia do Governo, face â posição assumida anteriormente por São Tomé e Príncipe em relação à Rússia, por causa da invasão a Ucrania.
“A nossa posição foi sempre muito clara, se a questão é em relação à posição da Rússia na cena internacional e em relação ao conflito com a Ucrania, a nossa posição foi sempre muito clara; a de condenação da invasão militar à Ucrania”, disse Patrice Trovoada.
“Fomos claros não só nas nossas declarações, como nas nossas votações nas Nações Unidas, e isso não dá espaço para qualquer dúvida: Condenamos a invasão russa da Ucrania”, concluiu.
No entanto, disse o primeiro-ministro que “não deixamos de ser amigos da Rússia nem da Ucrania”.
“Respeitamos o Direito Internacional, a carta das Nações Unidas, as convenções internacionais e todos os instrumentos universais do Direito Internacional, conforme as recomendações e as decisões das Nações Unidas”, reforçou o primeiro-ministro são-tomense.
Quando confrontado se o acordo militar com a Rússia não interfere ou põe em causa o acordo militar com os EUA e o acordo com a Voz da América – que tem um centro de radiofusão no país, Patrice Trovoada respondeu que “não há problemas nenhuns”, e no que diz respeito à VOA “é uma comparação que não sentido nenhum”, porque não entende como se compara um acordo com uma estação de radiodifusão com um acordo militar com um país terceiro.
“Eu não sei porque se compara uma Estação de Radiodifusão e um acordo de defesa com um terceiro país? São coisas distintas”.
“Ainda ontem tive um encontro com o embaixador dos EUA e as suas declarações â imprensa testemunham as excelentes relações que existem entre STP e os EUA – uma parceria em vários domínios e que tem também uma vertente militar”, disse o primeiro-ministro.
“Daí que não há motivos para tanta estranheza, quando há esse acordo, que é um acordo normal, pacífico, sem nada de extraordinário”, acrescentou.
E se o acordo não representa a estratégia russa de expansão no continente africano, o chefe do Executivo são-tomense respondeu:
“Olha, eu não conheço nenhuma estratégia russa de expansão no continente africano. Há países como a União Soviética, a China a Jugoslavia, da era do presidente Tito, que nos ajudaram antes e nos primeiros anos da independência, e esses apoios são como as sementes que temos com esses países”.
“Somos um país independente, soberano e não estamos abertos â expansão de outros países”, concluiu.
E se o acordo antes de ser assinado deveria passar pela Assembleia Nacional, Patrice Trovoada disse que é “muito simples”: “Há um primeiro acto, em todos os acordos, contratos internacionais: quem negoceia e quem assina, e depois em função da matéria, do conteúdo, segue para outras instituições, Assembleia Nacional, Presidência da República, …. agora, cabe ao Governo negociar, assinar e a partir daí seguem os outros trâmites”.
“Vamos evitar polémicas desnecessárias, isso faz parte do trabalho quotidiano do governo”, aconselhou o primeiro-ministro.
E para quando o país vai sentir os benefícios do acordo militar com a Russia, o primeiro-ministro são-tomense disse que “tudo vai depender das alterações, do engajamento que poderão ser feitos ainda no âmbito do acordo”.
A notícia da assinatura do acordo militar entre STP e a Rússia foi publicada pelo jornal russo Sputnik, na edição do dia 06, que dá conta da assinatura do acordo de cooperação militar entre São Tomé e Príncipe e a Rússia na cidade de São Petersburgo no dia 24 de Abril de 2024, e que “começou a ser implementado no dia 5”.
Segundo o jornal russo, «o acordo estipula que ambas as partes acordaram em cooperar nos seguintes domínios: treino conjunto de tropas, recrutamento das forças armadas, utilização de armas e equipamento militar, logística, intercâmbio de experiências e de informações no âmbito da luta contra a ideologia do extremismo e do terrorismo internacional, educação e formação de pessoal».
O acordo prevê também a participação das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe em exercícios conjuntos com as forças russas, e também visitas da aviação militar e de navios de guerra da Rússia a São Tomé e Príncipe.
Fim/MF