São-Tomé, 21 Set. 2023 ( STP-Press ) – O Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, discursou na tarde desta quarta-feira, dia 20, na 78ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, (ONU), tendo declarado que “o meu país vive uma situação de verdadeira urgência económica e financeira a curto prazo, bem conhecida dos nossos principais parceiros”.

Do plano internacional, Patrice Trovoada disse no seu discurso que “não devemos hesitar em apontar o dedo aos responsáveis pelas perturbações climáticas no seio do G20”, tendo ainda sublinhado que “a nossa condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia foi clara e sem hesitações, porque respeitamos o direito internacional e a Carta das Nações Unidas”.

Indo por partes, ao falar de São Tomé e Príncipe Patrice Trovoada afirmou que “o meu país vive uma situação de verdadeira urgência económica e financeira a curto prazo, bem conhecida dos nossos principais parceiros, ao mesmo tempo que atravessa um processo complexo de transição para a fase média de desenvolvimento e prossegue uma política adaptada à sua realidade, respeitando a diversidade multicultural e os direitos humanos”.

Para Patrice Trovoada “perante os desafios persistentes e crescentes que permanecem, particularmente em termos de pobreza, fome, desigualdades e questões ambientais, para além dos nossos discursos, nós, os líderes das várias nações aqui representadas, devemos questionar-nos e reconhecer as nossas falhas em proteger o nosso planeta e garantir a prosperidade partilhada até 2030”.

O Primeiro-ministro disse que “o meu país, um pequeno Estado insular que goza de uma democracia efetiva há mais de 30 anos e que ainda está em desenvolvimento, é uma das principais vítimas das alterações climáticas, da degradação dos ecossistemas e da dependência económica”.

Trovoada acrescentou que “esforçamo-nos, com algum sucesso, por adotar os códigos, as recomendações e as boas atitudes que visam a realização dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, mas os problemas estruturais, as assimetrias de todo o tipo e a falta de confiança nas 5 instituições democráticas por parte das nossas populações são cada vez maiores”.

Do âmbito internacional, Patrice Trovoada disse que “não devemos hesitar em apontar o dedo aos responsáveis pelas perturbações climáticas no seio do G20, ou aos órgãos de governação económica mundial que continuam a ignorar os nossos objetivos sociais e ambientais, nomeadamente, negando-nos o acesso a recursos financeiros em quantidades e condições razoáveis”.

O Chefe do governo são-tomense disse que “ainda mais preocupante é o facto de estarmos a assistir a uma crescente polarização e fragmentação do mundo e da governação global, com a sua crescente quota de populismo e nacionalismo”.

“A própria sociedade tecnológica digital, que poderia ter sido o acelerador do desenvolvimento dos nossos países e da cidadania a nível mundial, está a tornar-se uma nova fonte de desigualdade, de concentração de riqueza e de dominação. A desigualdade, a falta de respeito e a falta de inclusão só podem conduzir a fraturas cada vez maiores e a retrocessos”, sustentou Patrice Trovoada.

“Os golpes de Estado e as tentativas de subversão da ordem constitucional são cada vez mais frequentes, ao mesmo tempo que perdurem conflitos de longa data, como os da Palestina e de Cuba, e os do Iémen, da Síria, do Sudão e da Líbia seguem o mesmo caminho”, – adiantou.

Tendo declarado que “os conflitos armados em violação do direito internacional, sejam eles quais forem, também recebem um tratamento diferenciado”, Patrice Trovoada recordou que “a nossa condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia foi clara e sem hesitações, porque respeitamos o direito internacional e a Carta das Nações Unidas”.

“Infelizmente, os refugiados e os mortos não são iguais em direitos e em dignidade num mundo que se diz civilizado. Parece que, atualmente, só as pandemias mundiais são capazes de nos unir e de nos mobilizar”, – sustentou o Primeiro-ministro são-tomense.

Para Patrice Trovoada “tardamos em reagir para impormos a paz face ao conflito latente na região dos Grandes Lagos, enquanto a lista de mortos, de deslocados e de destruições de todo o tipo continua a agravar-se, e as missões de paz internacionais mostram os seus limites por falta de compromissos claros e efetivos a favor das populações que são as primeiras vítimas”.

Disse ainda que “talvez seja tarde demais, mas a indiferença e a hipocrisia são inaceitáveis, os nossos problemas de países pobres tendem a tornarse também os problemas dos países ricos: disparidade demográfica, disparidade económica, desregulamentação climática, perda de confiança institucional, entre outros, e existe ainda esperança de encontrar um novo impulso se nos empenharmos resolutamente na reforma das nossas instituições, a começar pelas Nações Unidas e pelas instituições de Bretton- Woods, para um multilateralismo reinventado e mais solidário”.

Tendo considerado que “é nosso dever, enquanto líderes, cultivar uma arte capaz de articular as soluções esperadas, que podem iluminar tantos seres humanos cuja experiência não é mais do que uma viagem de sofrimento e incerteza”, Trovoada disse que “a verdadeira liderança significa encontrar os compromissos necessários, significa ter a capacidade de fazer as pazes e promover o progresso”.

“Como diz o ditado, a natureza detesta o vazio. E a nossa retórica, os nossos apelos em Cimeira após Cimeira, soam a vazio”, disse para depois acrescentar que “estamos convencidos de que sociedades pacíficas, equitativas e sustentáveis, com jovens instruídos e formados, com boa saúde, são do interesse geral e que, por isso, devemos usar o bom senso para evitar ruturas maiores e imprevisíveis, e ainda dispomos dos meios técnicos, financeiros e humanos para reformar o sistema político internacional”.

“Os países ricos têm uma responsabilidade, mas a nossa também não pode ser excluída. Reafirmamos o firme compromisso da República Democrática de São Tomé e Príncipe de colaborar ativamente com os seus parceiros regionais e internacionais em todas as iniciativas que visem erradicar todos os atos desumanos, degradantes para os seres vivos e o ambiente, e prejudiciais aos valores humanistas e de liberdade”, sustentou.

Para Trovoada “acreditamos firmemente que a nossa Organização é o centro aglutinador das nossas causas e é a única entidade cujo papel é estruturar e sistematizar os nossos desafios comuns e liderar a harmonização do nosso mundo, respeitando as diferenças culturais, os modelos e sistemas de governo e as opções económicas”.

Fim/RN

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