Por : Ricardo Neto, jornalista da Agência de Notícias STP-Press

São Tomé, 15 Nov. 2022 – A população mundial atinge esta terça-feira, 15 de novembro, 8 mil milhões de habitantes. Este marco é um sinal de melhorias na saúde pública, que reduziram o risco de morrer e aumentaram a esperança de vida, – indica uma nota de imprensa do FNUAP enviada esta tarde a STP-Press.

“Mas o momento também é um apelo para que a humanidade olhe além dos números e cumpra sua responsabilidade compartilhada de proteger as pessoas e o planeta, começando pelos mais vulneráveis”, – lê-se no documento.

 “Se superamos o abismo entre os que têm e os que não têm, estamos nos preparando para um mundo de 8 mil milhões de pessoas cheio de tensões e desconfiança, crise e conflito”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, acrescenta a nota.

Embora a população mundial venha a atingir cerca de 10,4 mil milhões na década de 2080, a taxa geral de crescimento está a diminuir. O mundo está demograficamente mais diverso do que nunca. Os países estão a enfrentar tendências populacionais totalmente diferentes, que vão do crescimento ao declínio.

Hoje, dois terços da população global vive em um contexto de baixa fecundidade, que ao longo da vida é inferior a 2,1 filhos por mulher. Ao mesmo tempo, o crescimento populacional tem se concentrado cada vez mais nos países mais pobres do mundo, a maioria dos quais na África Subsaariana, adianta a nota do FNUAP.

Nesse contexto, a comunidade global deve garantir que todos os países, independentemente de suas populações estarem a crescer ou diminuir, estejam equipados para proporcionar uma boa qualidade de vida para suas populações e, em particular, os mais marginalizados.

 “Um mundo de 8 mil milhões é um marco para a humanidade – o resultado de uma esperança de vida mais longa, redução da pobreza e declínio da mortalidade materna e infantil. No entanto, focar apenas nos números distrai-nos do verdadeiro desafio que enfrentamos: garantir um mundo em que o progresso possa ser desfrutado de forma igual e sustentável”, disse a Diretora Executiva do FNUAP.

 “Não podemos confiar em soluções com a mesma fórmula num mundo em que a idade média é de 41 anos na Europa em comparação com 17 na África Subsaariana. Para ter sucesso, todas as políticas populacionais devem integrar os direitos reprodutivos na sua essência, investir nas pessoas e no planeta e basear-se em dados sólidos”, acrescentou a Dra. Natalia Kanem.

O Dia dos 8 mil milhões representa uma história de sucesso para a humanidade. Porém, levanta preocupações sobre as ligações entre o crescimento populacional, a pobreza, as mudanças climáticas e a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A relação entre crescimento populacional e desenvolvimento sustentável é complexa. O rápido crescimento populacional torna mais difícil erradicar a pobreza, combater a fome e a desnutrição e aumentar a cobertura dos sistemas de saúde e educação.

O documento explica que “por outro lado, alcançar os ODS, especialmente aqueles relacionados com a saúde, educação e igualdade de género, contribuirá para desacelerar o crescimento da população global”.

Da mesma forma que a redução do ritmo do crescimento populacional ao longo de várias décadas pode ajudar a mitigar a degradação ambiental, não se deve confundir o crescimento populacional com o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

Porque os países com as maiores taxas de consumo e emissões são aqueles onde o crescimento populacional é lento ou mesmo negativo. Contudo, a maior parte do crescimento da população mundial está concentrada nos países mais pobres, que têm taxas de emissões significativamente mais baixas, mas provavelmente sofrerão desproporcionalmente os efeitos das mudanças climáticas. “Devemos acelerar nossos esforços para cumprir os objetivos do Acordo de Paris, bem como alcançar os ODS”, disse o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Económicos e Sociais.

“Precisamos de dissociar rapidamente a atividade económica da atual dependência excessiva da energia de combustível fóssil, bem como de maior eficiência no uso desses recursos, e precisamos fazer disso uma transição justa e inclusiva que apoie os que ficaram mais para trás”, sublinhou Li Junhua.

Para inaugurar um mundo em que os 8 mil milhões de pessoas possam prosperar, devemos buscar soluções comprovadas e eficazes para mitigar os desafios do nosso mundo e alcançar os ODS, priorizando os direitos humanos. Encontrar essas soluções, significa aumentar o investimento dos estados membros e governos doadores em políticas e programas que trabalhem para tornar o mundo mais seguro, mais sustentável e mais inclusivo.

Fim/RN / Fonte FNUAP

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