Por: Telmo Trindade, Jornalista da Agência de Noticias STP-Press
São-Tomé, 18 set 2020 (STP-Press) – Os deficientes filiados na ADSTP, Associação dos Deficientes de São-Tomé e Príncipe, vão dentro de dias receber na sua sede em São-Gabriel, distrito de Água-Grande, os membros da Associação dos Cambistas da cidade capital para uma partida de bisca 61.
No domingo 13 de Setembro de 2020, os Tubarões da Ilha Verde (designação da equipa dos deficientes) receberam e derrotaram os membros da Associação dos Vendedores de Comprimidos da cidade capital pela marca de 19 capotes livres, depois duma primeira parte em que estiveram a perder por 8 a 5.
Motivados não só pelo resultado, mas também e sobretudo pelo ambiente de confraternização entre deficientes e não-deficientes pelo menos a partir da primeira experiência, os membros da ADSTP decidiram não parar com esse tipo de convívio em que também não faltam manjares.
“É que de repente descobrimos que esse jogo de 61 assim disputado com pessoas não-deficientes, nos anima e consola, reforçando a nossa convicção de que as nossas limitações não nos tornam inferiores em relação aos outros”, disse o presidente das ADSTP à STP-Press.
A confraternização decorreu sob o lema “Não espezinhar os Deficientes”. Para Bardelingue Alves de Carvalho vulgo Dezóngo, presidente da Associação dos Vendedores de comprimidos, foi muito lindo o intercâmbio. “Os deficientes são igualmente seres humanos como os não deficientes, aliás ninguém sabe do dia de amanhã. Por isso, a nossa alegre presença aqui com eles, neste ambiente que considero de festa”.
O alfaiate e deficiente físico Fernando Soares Hugo Pereira popularmente conhecido como Pekeléu, famoso cantor nacional já há algum tempo ao serviço da banda musical Relíquias também se pronunciou. “A vida não está para brincadeiras. E nós os deficientes, cientes das nossas potencialidades, vamos lutando para que a sociedade passe de facto a olhar para nós com olhos de ver, sem comportamentos de menosprezo”, disse.
Osvaldo Reis, ex-presidente da associação, aliás foi o terceiro, esteve igualmente presente. À STP-Press, começou por lembrar que se trata de uma organização já com alguma maturidade e que engloba deficientes de todo o país. Sobre o convívio, considerou ser uma forma de aproximar os não deficientes aos deficientes, lembrar que, enquanto seres humanos, um e outro se completam, nada mais nada menos que as duas faces duma mesma moeda.
“Farei tudo por tudo para apoiar o actual presidente da associação em todas as iniciativas com vista ao desenvolvimento da organização e bem-estar dos deficientes”, afirmou.
A ideia do pontapé de saída com os rapazes dos medicamentos surgiu a partir do momento em que alguns deficientes da ADSTP descobriram que um dos seus influentes membros de nome Abdú, entre outros, assim se tem divertido normalmente com os vendedores de comprimidos na praça Yon Gato. Contactos então foram feitos e o sonho tornou-se realidade.
Diligências já estão em curso para o pretenso frente-a-frente com os cambistas.
Fim/TT