Texto: Telmo Trindade ** Foto: Lourenço da Silva
São Tomé, 28 Jul 2020 ( STP-Press) – A Rádio Nacional de STP, por orientação da Secretaria de Estado da Comunicação Social, efectuou de 1 a 11 de Julho, um concurso para a selecção da melhor música produzida por grupos de bulauês do país sobre a pandemia do covid-19. Os resultados foram divulgados, mas pelo que a STP-Press pôde apurar, têm pairado interrogações sobre as modalidades do mesmo, quando por outro lado não houve registo de participação dum representante sequer da Região Autónoma do Príncipe.
Abordado sobre o assunto, o Secretário de Estado da Comunicação Social, o jornalista Adelino Lucas, começou por esclarecer que se tratou dum exercício através de votação por telefone, envio de cartas com documento de identificação e ainda assim mediante entrega presencial das missivas, ou seja, não era permitida a entrega de carta duma pessoa por outra. “E foi assim que os resultados foram produzidos e dados a conhecer.
Na primeira posição, ficou o bulauê Belezinha de Uba Flôr- Trindade, distrito de Mé-Zóchi . Na segunda, o Pastelim de Uba-Cabra, distrito de Água-Grande, enquanto o Ranca Mandioca de Cova-Barro também do distrito de Mé-Zóchi classificou-se no terceiro lugar.
Quanto as premiações, foi entregue ao Belezinha um cheque de 20 mil dobras mais 3 peças de tecido africano de 10 metros cada peça, o Pastelim recebeu 15 mil dobras mais a mesma quantidade de tecidos e o Ranca Mandioca foi contemplado com 10 mil dobras e também com as tais peças de tecido para indumentária dos elementos.
As nove peças de tecido totalizando noventa metros foram patrocínio directo e pessoal do Chefe do Governo em apoio a esses grupos culturais como forma de incentivá-los. Foram contactados cerca de dez bulauês, mais um grupo misto que é a puita Suassuá também conhecida como puita Chiteke do Bairro popular de Santana e o grupo de Tafua de Monte Café. Os resultados foram os anunciados.
Concorreram bulauês de todos os distritos de São-Tomé, mas na verdade a exepção da região autónoma do Príncipe. A razão é simples. É que o nosso interlocutor na região (delegação regional da Comunicação Social) atrasou-se de certo modo nos contactos no terreno para o efeito. Ainda assim acreditamos que ainda é tempo de virmos a ter uma canção da autoria dum dos grupos culturais do Príncipe nesse pacote nacional de sensibilização.
A cada grupo concorrente, foi atribuido algum valor para a produção das respectivas canções. As letras foram da autoria de cada um. Nós apenas sugerimos que as canções tivessem que versar sobre a pandemia do covid-19 e reflectir sobretudo as medidas de prevenção anunciadas pelo Governo como a higienização, o uso de máscaras e o distanciamento social, bem como o perigo que a pandemia representa. Tendo feito esse trabalho preliminar, a nossa televisão foi envolvida na gravação em vídeo de todos esses grupos e foi rodando os clips produzidos, enquanto a Rádio Nacional foi fazendo a sua parte, divulgando sistematicamente os múltiplos trechos musicais”
Adelinco Lucas disse que a organização tinha 30 de Junho como data limite da gravação dos temas, mas a verdade porém, pelas informações obtidas, é que vários outros grupos, não apenas de bulauê, mas também de socopé, danço congo e outros também querem produzir e gravar músicas sobre o coronavírus. “Expectativa ultrapassada. Por issso, são questões que estamos a equacionar, mas pensamos desta feita remetê-las a Direcção Geral de Cultura.
Esse primeiro trabalho foi feito entre a Comissão Nacional de Luta Contra o Coronavírus presidida pelo Primeiro-Ministro em colaboração com a Secretaria de estado da Comunicação Social. Daí que, não podendo de jeito nenhum fechar as portas as demais iniciativas nesse combate ao covid-19, pensamos que os próximo passos serão assegurados pela Direcção Geral de Cultura.
Quanto aos critérios, Lucas explicou que os ouvintes foram participando, telefonando, as músicas tinham que reflectir preocupação da população, da sociedade e do Governo em relação a pandemiaid-19, tão-somente isso e nada mais, mas somente músicas dos grupos previamente contactados.
De acordo com o Secretário de Estado, a iniciativa do concurso partiu do senhor Primeiro Ministro e Chefe do Governo, Jorge Bom Jesus, enquanto Presidente do Comité Nacional de Luta Contra o Coronavirus. “O senhor Primeiro Ministro entendeu que através da música se podia sensibilizar ainda mais e melhor a população, particularizando as canções produzidas pelos bulauês, de forma a que cada bulauê na sua comunidade, pudesse com as suas mensagens, ajudar na sensibilização e mobilização, em função da característica específica da região”.
Antes desse concurso, já se ouviam músicas de sensibilização sobre a existência do novo coronavírus também em São-Tomé e sobre os cuidados que devem ser tomados. A banda Rock Som de Estêvão Trindade e a Banda Relíquia de Zé Sardinha já se faziam ouvir a propósito, seguindo-se-lhes outros agrupamentops e cantorers individuais. Adelino Lucas reagiu desta forma:” Relativamente aos bulauês, tratou-se duma requisição. Tendo-se requisitado esses serviços, pretendeu-se fazer-se com que através desta manifestação cultural específica, a mensagem também fosse passada.
Palavras de agradecimento indicutivelmente para todos os outros contributos, aliás o Chefe do Governo no dia da Rádio Nacional, 11 de julho, reconheceu a contribuição de todos outros não envolvidos no concurso, mas que mesmo asssim, sensibilizados, têm dado o seu contributo, pois são atitudes para o país, por uma causa comum. Fica já agora o reconhecimento particular da parte da Secretaria de Estado da Comunicação Social. Acreditamos que em tempo oportuno saberemos como reconhecer melhor”.
Lucas dirigiu palavras de encorajamento aos grupos de bulauês que não foram premiados. “Que não se esmoreçam. Que continuem a trabalhar. Ao nível da Comunicação Social, pensamos trabalhar em articulação com a Direcção Geral de Cultura para a produção de mais trabalhos nesse sentido. Nós até pensamos, num futuro próximo, vir a produzir um CD ou um âlbum contendo todas as canções dos bulauês sobre o covid-19, quer dos premiados ou não.
Infelizmente não houve participação dum grupo sequer da Região Autónoma do Príncipe, numa altura em que se avizinha o mês da cultura regional, Agosto. Uma oportunidade que poderia ser aproveitada. O Secretário de Estado reconheceu que sim, mas assinalou que são competências da Direcção Geral de Cultura. “Este caso pontual do covid-19 desenvolveu-se em parceria com a Comunicação Social porque o Presidente da comissão nacional de luta contra a pandemia é o Primeiro-Ministro que assim decidiu. Esta questão assim colocada é legítima. Poderemos vir a trabalhar nesse sentido com a Direcção Geral de Cultura”.
Fim/TT