Texto: Ricardo Neto ** Foto: Lourenço da Silva
São – Tomé, 10 Jul ( STP-Press ) – O primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus numa entrevista esta quinta-feira na TVS, admitiu a possibilidade de uma remodelação governamental e assegurou que o polémico caso da indigitação do francês Vincent Miclet para Cônsul são-tomense em Marrocos “já está ultrapassado”.
Questionado sobre uma eventual remodelação do seu governo, Jorge Bom Jesus foi perentório em responder que “ nós precisamos de algum refrescamento no governo, mas também noutras estruturas e também a nível de decisões intermédias”, tendo sublinhado que “ há necessidade disto, é perfeitamente natural, isto acontece em qualquer processo de governação”.
“ Vamos precisar de incutir uma nova dinâmica e maior eficácia, possivelmente trocar as peças, há peças que não estão nos seus devidos lugares”, explicou Jorge Bom Jesus, acrescentando que “ é um trabalho que está a ser feito … eu tenho a minha avaliação”.
Disse ainda que “ como qualquer máquina, a máquina governativa é uma máquina, portanto há desgastes e naturalmente, há necessidade, portanto, volvidos todo esse tempo de governação, a necessidade de refrescamento de determinadas estruturas”.
Quanto a polémica indigitação do cidadão francês, Vincent Miclet para Cônsul são-tomense em Marraquexe, Marrocos, Jorge Bom Jesus disse que “ o problema está ultrapassado” tendo sublinhado que “ Há um processo que foi desencadeado que gerou polémica a volta e que o Conselho de Ministros deliberou no sentido da sua suspensão, portando, quanto a mim o processo está morto”
“ Todavia, para que se realize com o ministério dos Negócios Estrangeiros diligências com maior profundeza e em momento oportuno, se for o caso voltaremos a reanalisar a questão”, acrescentou o primeiro-ministro sobre caso da indigitação do Cônsul Vincent Miclet.
Durante a entrevista, Jorge Bom Jesus, falou também das relações privilegiadas no âmbito da política externa do país, numa prespetiva de atração de investimento externo, tendo citado alguns países, designadamente, Angola, China, Portugal, Brasil, EUA, bem como outras “relações muito saudáveis”, referindo-se a India, Japão, Marrocos, Nigéria entre outros Estados que cooperam com São Tomé e Príncipe.
“ São Tomé e Príncipe é um País virgem, portanto, é rico em oportunidades e potencialidades, são ilhas de facto praticamente inexploradas, e vamos continuar a acarinhar os parceiros que queiram partilhar estes recursos e potencialidades connosco”, sustentou Jorge Bom Jesus.
Quanto a política, Bom Jesus disse que “ nós precisamos de paz, digamos uma paz natural, genuína, mas, aqui estou a pensar mais na paz política, na estabilidade política e governativa para que haja paz social, porque sem, isto será muito difícil o desenvolvimento do país”.
Ao defender a continuidade de reforma no sector da justiça, Jorge Bom Jesus disse que “ ninguém vem para São Tomé e Príncipe sabendo que há uma justiça que não funciona”, tendo sublinhado que “ nós queremos uma justiça caca vez menos politizada e longe dos políticos”.
Além de projectos de reparação e construção de infraestruras tais como estradas, casas sociais, escolas bem como a expansão de abastecimento de água, sobretudo, nas comunidades rurais, Jorge Bom Jesus defendeu a privatização parcial da empresa de Agua e Electricidade, EMAE.
“Haverá necessidade também de se privatizar parte da EMAE, veremos se produção, se distribuição, os estudos estão a ser feitos em consonância com os nossos parceiros” disse Jorge Bom Jesus, sublinhando que “ São Tomé e Príncipe teria muita dificuldade de deslocar-se economicamente sem se revolver o problema energético”.
Tendo destacado a relevância do agricultura e citado o projecto COMPRAM avaliado em 25 milhões de dólares para os próximos seis anos, bem com o setor do turismo, pescas e serviços, Bom Jesus disse que “ não podemos ter um desenvolvimento de costas viradas para o mar, porque, o mar é um potencial inesgotável que temos”.
“ Vamos precisar de mobilizar parceiros estratégicos a esse nível” disse Jorge Bom Jesus, sustentando que “ nós não estamos em condições sozinhos para garantir a segurança de tão vasta área económica-marítima” que São Tomé e Príncipe dispõe.
Fim/RN