Foto: Lourenço da Silva, Fotojornalista da Agência de Notícias STP-Press

Por: Telmo Trindade, Jornalista da Agência de Notícias STP-Press

São Tomé, 23 Jun ( STP-Press ) – O mundo vive psicologicamente abalado pela pandemia do novo coronavírus. Apareceu, como se do nada, ceifando vidas humanas, instalando o medo.

Ao princípio, não se podia imaginar a dimensão do surto, tanto é que enquanto a Organização Mundial de Saúde começava a alertar para a sua gravidade tanto para a saúde pública como para a economia ao nível global, altos dirigentes e religiosos de alguns grandes Estados marimbavam-se, dizendo publicamente tratar-se apenas de uma simples gripe ou gripezinha. Como consequência, o cidadão comum não ligava para as medidas de prevenção que eram anunciadas aqui e acolá através dos órgãos de comunicação social e não só.

Foto: Lourenço da Silva

E a “gripezinha”, agradecendo, foi mostrando a sua natureza maquiavélica, atravessando fronteiras de norte ao sul, do leste ao oeste. Os cépticos quando de facto despertaram, só tiveram que passar a contabilizar as vitimas, vezes até atabalhoadamente, com medo de mais vítimas. Além disso, com aquela pergunta lá bem dentro: “Serei a próxima vítima?”.

Mas o que me deixa perplexo e daí a razão deste curto artigo, é a forma como, em São-Tomé e Príncipe, as pessoas lidam com o assunto, vivem o dia-a-dia e se comportam com o meio-ambiente.

Autêntico paradoxo.

Foto: Lourenço da Silva

Primeiro, euforia do topo a base face as constatações iniciais de que “STP não tem essa doença”.

Segundo, balde de água fria decorrente das informações sobre os quatro primeiros casos de infecção no país.

Terceiro, tais informações não correspondem a verdade, pois os resultados foram adulterados.

Quarto, STP afinal tem sim. E daí os números disparam.

Ora, seguindo as directrizes da OMS e do Governo, foram accionados e depois reforçados mecanismos de prevenção para se evitar a propagação. Distanciamento social e confinamento, uso obrigatório de máscaras  bem como regras de higiene. Lavar as mãos com água e sabão durante cerca de vinte segundos, várias vezes ao dia. Tudo bem.

Porém, enquanto também aqui o covid–19 está presente, sem nos descurarmos do paludismo nem da celulite necrotizante ou de outras patologias, vamos convivendo a cada dia e sempre a crescer, com algo que pode brigar com todo o esforço contra as enfermidades; o lixo.

Foto: Lourenço da Silva

Na zona de Penha, temos a secular lixeira. Em toda a sua periferia, residem várias pessoas que sistematicamente têm moscas como companheiras ou visitantes, além de inalarem o fumo da queima de tudo quanto nela se deita. Nessa lixeira, todo o tipo de detrito é depositado (géneros alimentícios ultrapassados, animais mortos, batarias, etc , etc ) e como se não bastasse, até mesmo dentro do riacho que por lá passa e cujas águas são utlizadas por pessoas que mais abaixo vivem.

E como se não bastasse, vão surgindo mais lixeiras e em locais outrora impensáveis. Não só no mundo rural. Também lamentável e vergonhosamente na capital, mesmo a frente de edifícios públicos.  Onde há contentores de lixo, o lixo é caprichosamente atirado para o chão.

Foto: Lourenço da Silva

Até parece uma mórbida atracção pela proliferação do lixo.

Num cenário destes, como é que podemos pretender sucessos no combate a enfermidades, se nós promovemos as enfermidades com as nossas práticas diárias?

É como que apanhar água com cesto.

Fim/TT

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