Texto: Ricardo Neto ** Foto: Lourenço da Silva
São-Tomé, 27 Mai 2020 ( STP-Press ) – O antigo presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa declarou terça-feira estar disponível para que 1/3 do seu salário fosse para o fundo destinado a mitigação dos impactos negativos da Covid-19, tendo reconhecido o esforço do governo de Jorge Bom Jesus e exortado ao Presidente da República, Evaristo Carvalho a assumir a liderança do processo de combate a pandemia.
O antigo Chefe de Estado são-tomense fez estas declarações a imprensa quando explicava o motivo da sua Fundação “Pinto da Costa” ter doado sexta-feira ultima ao governo um lote de materiais médicos-hospitalares e de proteção individual para combater a propagação do coronavírus no arquipélago.
“ Eu estaria disponível para que 1/3 do meu salário fosse depositado num fundo deste género durante o período que for necessário para nós sairmos realmente disto”, – disse Pinto da Costa, tendo sublinhado que “toda a classe política, os dirigentes do País devem agir no sentido de se entusiasmar e motivar a população em geral para alimentar esse fundo”.
Manuel Pinto da Costa assegurou ainda que “ estou disponível para fazer tudo que for necessário e que estiver dentro das minhas possibilidades e da minha Fundação para continuar a ajudar o País a sair desta situação que nos encontramos”.
“Há um fundo que está criado, me parece, que esse fundo devia ter um nome que permitisse as pessoas compreenderem de que se trata”-, disse Pinto da Costa, sublinhando que “ se fosse um fundo de solidariedade nacional toda gente compreenderia e, se esse fundo tivesse sido gerido por gente que realmente merecesse maior confiança da população, naturalmente que nós poderíamos mobilizar muita gente para depositar neste fundo que, nós vamos ter que precisar dele, e, temos todos que dar a nossa contribuição, a começar pelos dirigentes do País”.
Tendo declarado que “ nós precisamos, neste processo de uma liderança”, Pinto da Costa, sublinhou que “ ninguém melhor que Presidente da República [Evaristo Carvalho] vir a jogar um papel de liderança nesse processo”, acrescentando que “ o momento que estamos atravessar não podemos ter vários líderes, cada um, pensando o que quer fazer, como quer e, quando quer.
“ Tem de haver uma liderança forte neste momento de crise para criar condições, para ouvir opiniões de todos, de todas as forças políticas, social, diáspora, sobre o São Tomé e Príncipe que temos hoje, que realmente pretendemos e podemos ter” – argumentou o antigo Chefe de Estado são-tomense.
Além reconhecido que “ o governo está a fazer todo esforço possível e imaginário”, no âmbito de combate a pandemia, Pinto da Costa questionou se “será que esse governo está a fazer as coisas que devem ser feitas agora? E, que permite realmente São Tomé e Príncipe sair desta situação de crise em que nos encontramos”.
Tendo declarado que “ se não soubermos gerir convenientemente esta situação, vai ser um desastre toral do ponto de vista económico, do ponto de vista social, do ponto de vista político”, Pinto da Costa admitiu que “ vamos ter uma reviravolta tão grande que a desgraça que vai seguir a pandemia será ainda maior que a própria pandemia”.
“ Esta pandemia é uma desgraça enorme que recai sobre São Tomé e Príncipe e gente que não acredita nisto é um erro tremendo”, disse Manuel Pinto da Costa, acrescentando que “ não estamos preparados para enfrentar esta pandemia e, está demonstrado que quase nenhum governo estava preparado para isto”.
Tendo afirmado que “ nós estamos completamente desorganizados, estamos a improvisar muitas coisas”, Pinto da Costa disse que “ o nível de organização que nós temos internamente não nos garante sucesso nessa luta contra esta pandemia”.
“ Não é momento de nós estarmos a indicar culpados, porque nós todos estamos dentro do mesmo barco e que se não soubermos, realmente, em conjunto, unir as nossas forças, esquecendo as nossas diferenças, se não soubermos fazer isto, então vamos cair num precipício, que não sei quando teremos a possibilidade de sair”, – disse Pinto da Costa, acrescentando que “ deveria criar um espaço para permitir um diálogo entre todos os são-tomenses para permitir ter uma análise profunda do País que temos hoje …”.
Os últimos dados revelam que São Tomé e Príncipe regista um total de 441 casos de Covid-19 positivos acumulados, sendo, 349 casos positivos em isolamento domiciliar, 68 já recuperados, 12 em internamento no hospital de campanha, bem como um registo de 12 mortes desde da declaração da doença no País.
Fim/RN