Entrevista: Melba de Ceita ** Texto: Melba de Ceita e Ricardo Neto

São Tomé, 02  Marc (STP-Press)- O ex-Presidente são-tomense, Manuel Pinto da Costa em entrevista à STP-Press disse já não ter idade nem robustez para candidatar-se às eleições presidências de 2021, reafirmou realização do Dialogo Nacional para se sair da “mediocridade”, denunciou crise dos partidos políticos, defendeu a despartidarização da administração pública, entre outras questões.

Questionado sobre uma eventual recandidatura as eleições presidências previstas para 2021, Pinto da Costa sublinhou que “ eu tenho 82 anos, vou fazer 83. Já tenho idade suficiente para fazer outras coisas, do que estar a ocupar-me com coisas que devem ser feitas por gente com mais robustez”.

“ O País está desorganizado, os partidos políticos em São Tomé e Príncipe, todos eles, estão numa situação de crise”, disse Pinto da Costa, sublinhando que “ Eles [partidos] não estão suficientemente adaptados ao novo mundo, a nova realidade do mundo, que têm os seus reflexos em São Tomé e Príncipe.

 Tendo considerado que “ neste momento os partidos políticos contribuem para dividir a sociedade, para dividir a comunidade”, Pinto da Costa questionou “as diferenças entre os paridos políticos baseiam-se em quê? Diferença ideológica. Nada, diferença política. Nada. Para depois sublinhar que “ diferenças das agendas de cada um.

“ Os partidos políticos organizam-se em reuniões da comissão política ou do conselho nacional para discutir o quê? “ – Interrogou Pinto da Costa, respondendo que “ reuniões de desabafos. Cada um vai desabafar. Porque eu, não consegui ….”.

Tendo-se referenciado que “ as pessoas já não têm confiança nos dirigentes porque pensam que eles estão lá para resolver os seus problemas”, Manuel Pinto da Costa sustentou que “os dirigentes já não têm força para unir as pessoas. Nós precisamos unir as pessoas”.

“ Há tendência ainda para o cartão militante, para ser director cartão militante, para ser ministro cartão de militante.”, Disse – Pinto da Costa sublinhando que “ temos de despartidarizar completamente a administração pública, ninguém pode ocupar lugar na administração pública pelo facto de ter cartão de militante. Não. Ele tem de ter categoria suficiente para dar contribuição positiva ao desenvolvimento do seu País.

“Com esta mediocridade estou convencido que São Tomé e Príncipe jamais poderá entrar no caminho de desenvolvimento” disse ex-Presidente da República, sublinhado que “ temos que mudar de paradigma para vermos se realmente saímos deste mediocridade em que estamos mergulhado.

Tendo considerado que “ o País está numa situação difícil, do ponto de vista económico, social e político” – Manuel Pinto da Costa sustentou que “ há uma necessidade absoluta de partidos políticos, sociedade civil se assentarem a volta de uma mesa para realmente redescobrirem São Tomé e Príncipe”.

“ Estive com Presidente da República [Evaristo Carvalho], eu disse ao Presidente, só ele, no contexto actual, estaria em condições de jogar o papel para congregar as diferenças a volta de uma mesa para realmente, encontrarmos solução para o sub-desenvolvimento”

“ Vamos dialogar, estou disponível para dar o apoio que for possível” disse Pinto da Costa, tendo sublinhado que “ o Presidente da Republica ainda está a tempo de fazer qualquer coisa, ele pode sair muito bem tentando encontrar a forma de unir as diferenças, porque o País está muito dividido, no interior dos partidos não há entendimento, entre os partidos não entendimento, com cada a actuar em função da sua agenda pessoal”.

Citando alguns exemplos da falta de entendimento para um projecto colectivo do Estado são-tomense, ex-presidente, Manuel Pinto da Costa, citou dois projetos na altura ainda no seu último mandato, relativamente, as casas sociais na Trindade, Mezochi e a nova cidade de Santo na zona de Santo Amaro que alegadamente bloqueados por questões desta natureza, que têm afectado negativamente a política são-tomense.  

“ Um grupo de casas feitas na trindade, Presidente da República, Manuel Pinto da Costa lançou a primeira pedra, já havia financiamento, a China aceitou alagar a cidade na zona de Santo Amaro, íamos as eleições em 2014. Vamos as eleições. Outro que ganha mandou partir tudo” – Disse Pinto da Costa, citando “a gente do ADI, Patrice Trovoada” quando questionado sobre quem teria bloqueado os supracitados projectos.

“ Eu, estive na China e discuti com os chineses o projecto do Porto de Aguas Profundas e os chineses aceitaram que iriam financiar, antes mesmo de corte de relações com Taiwan”, disse Pinto da Costa exemplificando outros factos relativos a falta de entendimento entre os políticos para bem colectivo do País.

“ Nós estamos num País, em que precisamos de uma liderança” disse Pinto da Costa, sublinhando que se o país continuar “neste política atabalhoada, a gente [nós] nunca mais sairemos do subdesenvolvometo”.

Dai que, defende a realização do Dialogo Nacional, do qual, sairia um documento consensual como plano estratégico de desenvolvimento do País a ser eventualmente, adotado pela Assembleia Nacional como diploma base de avaliação anual da atuação do executivo.

“ Temos diferenças é normal, alias, não é crime ter diferenças. O que é preciso é saber gerir as diferenças para se encontrar consensualidade suficiente e, é com base nesta consensualidade que podemos elaborar um plano de desenvolvimento, que tem de ser respeitado por toda gente”, defendeu Pinto da Costa.

Fim/ Entrevista de Melba de Ceita / Texto: Melba de Ceita e Ricardo Neto

Poder ouvir alguns frases de Pinto da Costa

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