Por: Ricardo Neto, Jornalista da Agência de Noticias STP-Press

São – Tomé, 31 Dez (STP-Press) – O Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho hoje em mensagem do ano novo lamentou “uma acentuada crispação política” no País, criticou Justiça transformada numa “injustiça de perseguição”, mas reconheceu esforço do actual poder na área económica, sobretudo, novo acordo com FMI e assinaturas de blocos de petróleo.

“O ano foi marcado, em toda a sua extensão, por uma acentuada crispação política, surgida na sequência das eleições legislativas de Outubro de 2018”, disse Evaristo Carvalho, tendo sublinhado que “ a nova maioria e a oposição posicionaram-se como inimigos políticos, e não como adversários que devem coabitar em democracia, cada um desempenhando o seu papel”.

Tendo considerado que “o actual poder governante [MLSTP-PCD-MDFM-UDD] conduziu uma política de tudo para nós, nada para os outros”, Evaristo Carvalho disse que “ elementos pertencentes ao antigo partido no poder [ADI] foram irradiados de todos os postos que tenham alguma percentagem de poder de decisão, ainda que marginal, fazendo-os substituir em muitos casos por elementos que não têm a mínima competência”.

Evaristo Carvalho sublinhou que “a justiça foi no decurso do ano uma autêntica injustiça: perseguição a juízes que não alinharam em determinada direcção; perseguição a auditores de contas dos tribunais e a um jornalista, por terem detectado, relatado e publicado a utilização indevida de fundos públicos são, entre outras, as anomalias gritantes no sector, pelo que de forma colectiva devemos por cobro…”

Além de ter declarado que “o ponto crucial de toda a governação, e desde logo, o mais preocupante ainda, circunda o sector da justiça”- Evaristo Carvalho acrescenta que “ foram orquestradas várias acções de perseguição judicial contra elementos afectos ao anterior executivo, com propósitos de natureza inconfessável…”.

No plano económico, o Presidente da República reconheceu o mérito do actual poder [MLSTP e Coligação PCD-MDFM-UDD] tendo-se referido aos últimos acordos visando a prospecção de blocos de petróleo bem como o novo pacto estabelecido com Fundo Monetário Internacional, FMI.

“É, sem margem de dúvida, um grande esforço do Governo que traduzirá num esforço conjunto do povo santomense”, disse Evaristo Carvalho quando se referia que “em outubro deste ano, o Governo assinou com o Fundo monetário internacional um novo acordo de facilidade de crédito alargado (ECF) para sustentar as reformas económicas e estruturais” do País.

“Saudamos, igualmente, a assinatura de blocos petrolíferos esses passos poderão ser indícios de que a indústria petrolífera poderá vir a ser uma realidade com benefícios importantes para a nossa economia” disse Evaristo Carvalho, sublinhando que “saudamos ainda a inauguração recente da fábrica de óleo de palma, unidade que irá contribuir significativamente para a melhoria da balança de pagamentos do país e para a criação de empregos”.

“O investimento público constitui um dos elementos chave para o crescimento económico pois gera empregos e consequentemente aumenta o rendimento das famílias e potencia o crescimento”- argumentou o Presidente da República.

Quanto ao caso fundo do Koweit de 17 milhões de dólares, Evaristo Carvalho disse tratar-se de “uma situação que merecia maior investigação e esclarecimento antes de qualquer medida de punição”, tendo argumentado que ” “esclarecida a situação pela delegação do Fundo que visitou recentemente o País, espera-se que as autoridades competentes empreendam as diligências necessárias com vista ao cabal esclarecimento”.

“ Com o habitual apoio das Nações Unidas, esperemos que os diferentes atores nacionais se afirmem capazes, responsáveis e dignos para que a reforma da justiça se efective com a seriedade almejada”., sublinhou

Ainda no seu discurso o Presidente da República considerou que “ o poder executivo não esteve a altura das suas responsabilidades” no caso da vandalização em Outubro último de templos da Igreja Universal, tendo declarado que “ quando foram mobilizadas forças policiais, a intervenção das mesmas foi desastrosa”.

Tendo-se referido que “ outro problema semelhante foi o navio anfitrite que há sensivelmente seis meses naufragou ceifando vidas humanas”, Evaristo Carvalho disse que “ é importante que se dê uma atenção particular, de facto, à Região Autónoma do Príncipe”, argumentando que “ a descontinuidade territorial afecta de forma severa os seus habitantes”.

No domínio da cooperação internacional, o Presidente da República reiterou agradecimentos aos parceiros de cooperação e, particularizando as áreas da defesa e segurança, citou, Portugal, Brasil, Estados Unidos da América, China e Angola, tendo defendido a continuidade para contribuição da “manutenção da ordem pública quando for chamada e na proteção dos nossos recursos marinhos e das nossas águas”.

“Ao terminar, uma palavra de encorajamento ao XVII Governo Constitucional. Que o plano de actividades  e o orçamento geral do Estado  aprovados para o próximo ano económico sejam executados  sem  sobressaltos” disse Evaristo Carvalho concluindo que “ trabalhemos todos para um São Tomé e Príncipe justo e equilibrado. Um bom ano de 2020 para todos e que Deus abençoe o nosso país”.

  Fim/RN

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